Juíza classifica quadrilha do jogo do bicho de violenta e veta acordo para reduzir pena

A juíza May Melke Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, classificou a quadrilha do jogo do bicho denunciada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) como violenta e, por isso, vetou que os acusados tenham “perdão” antes de responder à ação penal.

 

Segundo o site Campo Grande News, a magistrada considerou que para cometer os crimes a quadrilha se utilizou do “emprego de violência e grave ameaça” na tentativa de assumir o comando do jogo do bicho em Campo Grande.

 

Trecho da decisão diz que os acusados “não preenchem os requisitos para proposta do acordo da não persecução penal”, mecanismo previsto em lei para que investigados obtenham a extinção da punibilidade em troca do cumprimento de cláusulas definidas pelo Ministério Público, de maneira a evitar que crimes voltem a ser praticados e que danos sejam reparados.

 

O “negócio jurídico” só pode ser proposto pelo MP em alguns casos. Os alvos da Operação Successione, contudo, não têm esse direito, “seja por integrarem organização criminosa armada e nessa condição terem praticado os crimes imputados na denúncia, seja por estarem presentes outras características incompatíveis com o instituto, como o emprego de violência e grave ameaça e imputação de crimes cuja pena mínima, consideradas as majorantes aplicáveis ao caso, superam 04 (quatro) anos”, registrou a magistrada.

 

Além disso, ela também aceitou a denúncia apontando que a organização criminosa é chefiada pelo deputado estadual Neno Razuk (PL). O Gaeco chegou a pedir a prisão do parlamentar, alvo principal da Operação Sucessione, que teve duas fases no fim do ano passado.

 

A denúncia e documentação anexa, contendo um total de 526 páginas, foi apresentada à Justiça em dezembro. Todos os documentos, trocas de informações com unidades policiais e de inteligência, vigilâncias, entrevistas, reconhecimentos operacionais, tomada de depoimentos levaram a identificar Neno Razuk como o “cabeça” de organização criminosa que entrou na disputa pelo monopólio do jogo do bicho em Campo Grande, espaço deixado pela família Name, que sofreu revés com a Operação Omertà.

 

Para dominar o território campo-grandense de exploração do jogo de azar, ainda na tese do Gaeco, o político tinha em seu grupo agentes da segurança pública, que recebiam propina e auxiliavam na prática de roubos. O objetivo das ações era cooptar pessoas ligadas aos adversários para ampliar o poder na Capital.

 

Para a investigação, o deputado contava com a ajuda, por exemplo, do major PM Gilberto Luiz dos Santos, o “Major G. Santos”, “Coronel” ou “Barba”, para gerenciar o esquema.

 

O deputado diz ser inocente. “Eu vou ser inocentado e creio que a justiça vai ser feita. Ainda digo que estou sendo vítima de uma armação”, afirmou. Já a defesa dele, sob o comando de José Arnar Ribeiro, afirmou que só vai se manifestar quando o deputado for formalmente citado, o que ainda não aconteceu.