Após ser solto da cadeia, vereador de Sidrolândia “ganha” viagem com tudo pago para Curitiba

Quem disse que o crime não compensa? Com certeza não foi o vereador Elieu da Silva Vaz (PSB), de Sidrolândia (MS), pois, menos de 24 após ser colocado em liberdade depois que foi preso por dirigir embriagado até a residência da ex-namorada, invadir o imóvel, agredi-la fisicamente e ainda resistir à prisão, desacatando os policiais militares que atenderam a ocorrência, embarcou, terça-feira (9), para Curitiba (PR), onde participa, até sábado (13), de um curso de capacitação para parlamentares sobre atualização, modernização e reformulação da Lei Orgânica.

Ele tinha sido preso na noite de domingo (7) e, 24 horas depois, na noite de segunda-feira (8), após o juiz Fernando Moreira Freitas estipular fiança de R$ 5 mil, o parlamentar deixou a cela da Delegacia de Polícia Civil com a obrigação de não procurar a mais a ex-namorada, manter distância de pelo menos 200 metros e não entrar em contato com ela sob pena de retornar para a cadeia.

De acordo com o Portal da Transparência da Câmara Municipal de Sidrolândia, Elieu Vaz utilizou R$ 11 mil da verba de diárias e passagens para ir até Curitiba, sendo que ele já é um dos vereadores que receberam diárias de até R$ 11 mil para participar em Natal (RN), entre os dias 14 e 17 de março deste ano, do Encontro Nacional de Legislativos Municipais, fato que ficou conhecido na cidade como “Farra das Diárias”.

Na noite do último domingo, conforme o boletim de ocorrência, o vereador foi preso e autuado pela Polícia Militar, devendo responder pelos crimes de dirigir bêbado, desacato a autoridades de segurança pública, resistência à prisão, ameaça, violência doméstica, invasão de domicílio e danos materiais.

Para complicar ainda mais a situação de Elieu Vaz, a colega de Câmara Municipal, vereadora Joana Michalski, que também é do PSB, apresentou, na Casa de Leis, um pedido de providências contra o parlamentar.

“Lamento muito o ocorrido na nossa cidade com um colega parlamentar, com uma pessoa desta Casa. Nós, mulheres, carregamos ainda um peso, um fardo, ainda temos que correr nas ruas, fechar portas, pedir socorro aos nossos vizinhos. Que absurdo isso. Lamentável essa situação”, declarou Joana Michalski.

Ela afirmou ter recebido diversas mensagens de mães, professores e colegas indignados com o fato. “Eu, como mulher, como vereadora, sou a voz de muitas mulheres deste município. Quero aqui pedir a nobre vereadora Cris, vereadora Juscinei Claro, para que assinem este documento que será entregue à presidência. Peço, presidente, que encaminhe à comissão de ética para que sejam tomadas as devidas providências”, encerrou.

O presidente da Câmara Municipal, vereador Otacir Pereira Figueiredo (PP), o “Gringo”, informou que vai conversar pessoalmente com Elieu Vaz para ter um melhor direcionamento sobre as providências a serem tomadas pela Casa de Leis, mas garantiu que “tudo será feito conforme a lei determina”.

Em razão do ocorrido, o vereador Elieu Vaz pode ser facilmente enquadrado, no mínimo, em quebra de decoro parlamentar, tendo o mandato cassado pela Casa de Leis. A reportagem tentou falar por telefone com o parlamentar, mas não obteve sucesso até a conclusão dessa matéria, sendo que o espaço continua aberto para que ele possa dar sua versão dos fatos.