O Programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu, na noite de ontem (17), uma reportagem especial para explicar como a prisão do ex-major PM Sérgio Roberto de Carvalho, mais conhecido como “Major Carvalho” e chamado de “Pablo Escobar” brasileiro, desencadeou operações da Polícia Federal em vários Estados do Brasil.
Documentos e vídeos obtidos com exclusividade pelo programa mostraram que as investigações começaram com a apreensão de mais de uma tonelada de cocaína dentro de um avião. No dia 3 de agosto de 2021, câmeras de vigilância do Aeroporto Estadual de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, registraram a chegada de um jatinho, que seguiu para o hangar, e, no dia seguinte, uma kombi, escoltada por outro veículo, foi até o local.
Segundo a polícia, é na kombi que estava a cocaína, embalada em sacos brancos. Ela acessa a área do hangar e, alguns minutos depois, sai completamente vazia. Na madrugada do dia 4 de agosto, o avião seguiu para Bruxelas, na Bélgica, com escala em Fortaleza (CE). Quando aterrissa no Ceará, a Polícia Federal encontra 24 malas carregadas de cocaína. A droga estava dentro de sacos brancos, os mesmos vistos no hangar, em Ribeirão Preto. O piloto turco e o passageiro espanhol foram detidos.
Em março de 2022, um avião com meia tonelada de cocaína foi interceptado por caças da FAB (Força Aérea Brasileira) quando passava por Campo Grande (MS). O piloto foi preso. Para a PF, Major Carvalho era o responsável por esquemas como esses para trazer a droga de países da América Latina até o Brasil. Uma das principais rotas está em Mato Grosso. O estado tem muitas fazendas e pistas clandestinas que recebem os voos vindos do exterior com a droga.
Com a investigação, o nome do Major Carvalho foi colocado na lista dos bandidos mais procurados pela Interpol e ele passou a ser chamado de “Pablo Escobar” brasileiro. Conforme a PF, só em 2022 a quadrilha conseguiu enviar 16 toneladas de cocaína para a Europa. No fim de junho, ele foi preso em um restaurante, na Hungria. Ele estava com um passaporte mexicano falso e chegou a mentir para os policiais durante o primeiro depoimento.
Com a prisão do chefe da quadrilha, a investigação obteve mais detalhes de como a cocaína saía do Brasil para a Europa. Nas duas últimas semanas, a PF desencadeou uma série de operações de prisão, busca e apreensão para desmantelar a quadrilha. Nesta semana, a operação identificou os portos brasileiros usados pela organização criminosa para exportar a droga para o exterior.
Os presos nesta operação podem responder por tráfico internacional de drogas, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro. Desde o início das investigações, a PF conseguiu impedir o envio de cerca de oito toneladas de cocaína. O “Pablo Escobar” brasileiro segue preso na Hungria, onde aguarda julgamento.
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