O deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, sofreu uma nova derrota na Justiça no caso das investigações do falso atentado contra ele em fevereiro do ano passado. Agora, o “nobre” parlamentar teve negado pelo ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), o habeas corpus em que pedia o trancamento das investigações da Polícia Federal.
Relator do processo, Dias Toffoli negou seguimento ao recurso e, assim, sequer analisou o pedido de liminar. O presidente do STF, Luiz Fux, já tinha despachado sobre o habeas corpus no dia 30 de dezembro de 2020 e, na ocasião, entendeu não ter urgência no pedido e determinou a devolução ao gabinete do ministro Dias Toffoli.
A defesa de Tio Trutis ingressou com dois habeas corpus idênticos durante o recesso judiciário, ainda em dezembro passado. Os pedidos acusavam agentes de produzir provas ilícitas. Além disso, pleiteavam, além do trancamento dos inquéritos na Polícia Federal e no STF, também a suspensão destes enquanto os habeas corpus não fossem julgados. Caso contrário, o parlamentar pediu o trancamento parcial, a fim de evitar indiciamentos por comunicação falsa de crime e dano.
No último dia de plantão, 6 de janeiro, Fux negou pedido liminar no âmbito de um dos habeas corpus. A defesa de Loester Trutis depois desistiu deste recurso, mas manteve o outro – derrubado. Dias Toffoli mandou comunicar sua decisão à Rosa Weber, relatora do inquérito no STF que investiga o suposto atentado contra o deputado sul-mato-grossense.
A ministra tem em sua mesa um pedido de dilação de prazo, apresentado pela Polícia Federal, que quer mais tempo a fim de concluir a perícia das armas e celulares apreendidos durante a Operação Tracker. Rosa também deve apreciar requerimento da defesa de Trutis, que pediu as armas de volta.
Para polícia, Trutis armou atentado de olho em ganho político
As investigações da Polícia Federal se voltaram contra o próprio parlamentar a partir de trabalhos periciais. Laudos balísticos, de exame de local e informações de georreferenciamento entraram em rota de colisão com o que alegava o deputado e seu assessor.
Assim, a PF concluiu que o atentado foi simulado por Trutis, de olho em dividendos políticos e eleitorais. O parlamentar é um entusiasta voraz da flexibilização do Estatuto do Desarmamento.
A Polícia identificou que ele sequer foi seguido no dia do suposto ataque a tiros. Além disso, a descrição dada pelo deputado federal sobre o veículo supostamente envolvido no atentado contra ele levou os investigadores a uma caminhonete “antiga e deteriorada, que certamente não teria condições mecânicas razoáveis para ser utilizada em um atentado em face de alguém que estava embarcado em um potente Toyota Corolla”, conforme descreve o inquérito.
Com base no trabalho da PF, a ministra Rosa Weber deferiu os pedidos para busca e apreensão contra Trutis, seu irmão, Alberto Carlos Gomes de Souza, Fidelis e Jovani Batista da Silva, ligado a um grupo chamado “Movimento Conservador de Mato Grosso do Sul”. Os mandados foram cumpridos durante a Operação Tracker, em novembro do ano passado.
Para a magistrada do STF, as provas obtidas no âmbito da investigação podem implicar Loester Trutis nos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disparo de arma de fogo, dano e comunicação falsa de crime. O deputado chegou a ser preso durante o cumprimento dos mandados, pois portava um fuzil de uso restrito. Com informações do site Midiamax