Sumido da mídia depois que foi preso pela Polícia Federal por porte ilegal de arma de fogo de usa restrito, falsa acusação de atentado e disparo de arma de fogo em via pública, o deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, voltou a aparecer para acusar a PF de manobrar a investigação sobre o suposto atentado que teria sofrido em fevereiro deste ano para incriminá-lo.
Tio Trutis pediu acesso integral aos documentos da investigação da Polícia Federal, em petição à ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Rosa Weber, relatora do inquérito que apura o caso na Corte. Em oito páginas, a defesa do deputado induz que os policiais produziram provas ilegais e cometeram abuso de poder.
O deputado classificou como “frágeis e solteiras de realidade fática” as alegações feitas ao longo das 714 páginas dos três volumes do inquérito da PF. Ainda, sugeriu que os investigadores manobraram e direcionaram a apuração para forjar sua culpa e de seu ex-assessor, Ciro Nogueira Fidelis, que estaria com Trutis no momento do suposto ataque à tiros.
As investigações da Polícia Federal se voltaram contra o próprio parlamentar a partir de trabalhos periciais. Laudos balísticos, de exame de local e informações de georreferenciamento entraram em rota de colisão com o que alegava o deputado e seu ex-assessor.
Assim, a PF concluiu que o atentado foi simulado por Trutis, de olho em dividendos políticos e eleitorais. O parlamentar é um entusiasta voraz da flexibilização do Estatuto do Desarmamento.
A PF identificou que ele sequer foi seguido no dia do suposto ataque à tiros. Além disso, a descrição dada pelo deputado federal sobre o veículo supostamente envolvido no atentado contra ele levou os investigadores a uma caminhonete “antiga e deteriorada, que certamente não teria condições mecânicas razoáveis para ser utilizada em um atentado em face de alguém que estava embarcado em um potente Toyota Corolla”, conforme descreve o inquérito.
Com base no trabalho da PF, a ministra Rosa Weber deferiu os pedidos para busca e apreensão contra Trutis, seu irmão, Alberto Carlos Gomes de Souza, Fidelis e Jovani Batista da Silva, ligado a um grupo chamado “Movimento Conservador de Mato Grosso do Sul”.
Para a magistrada do STF, as provas obtidas no âmbito da investigação podem implicar Loester Trutis nos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disparo de arma de fogo, dano e comunicação falsa de crime.
O deputado chegou a ser preso durante o cumprimento dos mandados, pois portava um fuzil de uso restrito.
A petição que pede acesso irrestrito à investigação da PF tenta rebater as provas obtidas no bojo da apuração. Os trabalhos periciais indicaram que os disparos na lataria do Corolla alugado por Loester Trutis teriam sido feitos com uma pistola Glock calibre 9 mm. Pelo menos dez fotos postadas nas redes sociais mostram o deputado com uma arma idêntica.
No entanto, Tio Trutis, embora armamentista e colecionador de armas de fogo, disse à ministra Rosa Weber que a pistola em questão é um simulacro. Ou seja, de brinquedo. A defesa do parlamentar ainda diz que os agentes federais encontraram a pistola, mas não a apreenderam.
Loester Trutis também acusa a PF de “abuso descarado de poder” por ter confiscado armamento de Alberto Carlos, Jovani da Silva e Ciro Fidelis. Sustenta ainda que houve produção irregular de provas, uma vez que o Toyota Corolla não foi usado durante a simulação do suposto atentado.
Por fim, o deputado chama a cobertura da imprensa sobre a “Operação Tracker” de “verdadeiro estardalhaço”, embora sistematicamente se negue a atender equipes de reportagem. Assinado pelo advogado Mario Panziera Junior, o pedido de vistas dos autos foi recebido ontem (30) pelo STF. Com informações do site Midiamax