O narcotraficante brasileiro e um dos líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), André de Oliveira Macedo, mais conhecido como “André do Rap”, que conseguiu fugir de São Paulo graças a um habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), estaria escondido no Departamento de Amambay, na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.
André do Rap, que tem essa alcunha por ter se aventurado no mundo da música, é considerado o criminoso mais procurado do Brasil e um elemento importante na organização criminal do PCC, onde tinha como principal função o envio de grandes quantidades de cocaína para o mercado europeu, tendo, inclusive, ligações com a máfia italiana.
Segundo informações das autoridades paraguaia, o líder do PCC entrou no território do país vizinho, mais precisamente por Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS). Da região, ele deve retomar as remessas de cocaína do Peru e Bolívia para a Europa, além de intensificar o controle sobre a produção de maconha.
Entenda o caso
André do Rap “desapareceu” após ter sido solto no dia 10 de outubro com autorização da Justiça. O traficante de drogas ficou 388 dias preso, 4% da pena total de 25 anos de cadeia imposta a ele em duas condenações. Ele deixou a Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista, na manhã do dia 10 de outubro após ter um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello.
Horas depois, o presidente do STF, Luiz Fux, suspendeu a decisão e determinou o retorno dele à prisão. Promotores e procuradores disseram que já tinham pedido a manutenção da prisão. O delegado Fabio Lopes, chefe da operação que prendeu André do Rap em 2019, e o promotor Lincoln Gakiya, também responsável pelo caso, afirmaram que será muito difícil conseguir prender o traficante novamente.
A Polícia alega que não pôde seguir os passos de André do Rap porque, ao sair da prisão, ele era um homem livre, mas, por se tratar de um criminoso perigoso, os serviços de inteligência monitoraram a distância, a movimentação dele e tem a certeza que o traficante usou um avião particular para fugir do Brasil. A polícia também suspeita que ele esteja no Paraguai ou já tenha ido para a Bolívia.
As polícias civis do Paraná, Santa Catarina e São Paulo procuram o traficante desde que ele voltou a ser considerado foragido da Justiça. André do Rap foi preso em setembro de 2019, em uma operação feita pela Polícia Civil de São Paulo em um condomínio de luxo em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, e é investigado por gerenciar o envio de grandes remessas de cocaína à Europa. Ele chegou a morar no exterior. Antes disso, tinha ficado preso por 7 anos, até 2014.
Em 2019, quando preso, ele chegou a São Paulo no próprio helicóptero. Ele era procurado pela Interpol e a operação contou com uma equipe de 23 policiais do Garra, o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos, do Gope, o Grupamento de Operações Penitenciárias Especiais e da Divisão Antissequestro.
André do Rap foi encontrado em um condomínio de luxo no bairro Itanema, que fica às margens da BR-101 (Rodovia Rio-Santos). Na residência, foram apreendidos dois helicópteros, um deles um B 4 avaliado em cerca de R$ 7 milhões e uma lancha de 60 pés, avaliada em R$ 6 milhões. A casa era alugada, mas ele tinha uma mansão na cidade, fora de um condomínio.
A lancha foi um dos elementos que ajudaram a polícia a localizá-lo em 2019. Os investigadores descobriram que uma empresa de fachada comprou a embarcação, e a pessoa responsável era alguém que não tinha rendimentos o suficiente para arcar com os valores.
“Ela está em nome de um empresário que tem uma moto CG [um dos modelos mais básicos de moto]. Como um cara que tem uma moto CG tem uma lancha de R$ 6 milhões? A gente acredita que ele usava esses laranjas para lavar o dinheiro dele”, disse na ocasião Fábio Pinheiros Lopes, delegado da Divisão Antissequestro.
André do Rap era dono de um sítio investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em Bertioga. Segundo o Deic, ele substituiu Wagner Ferreira, o “Cabelo Duro”, assassinado na porta de um hotel no bairro do Tatuapé, Zona Leste, logo depois das mortes de Gegê do Mangue e do Paca, no Ceará. Segundo a polícia, até 2018, o tráfico de Santos era comandado por Gegê do Mangue. André já era conhecido da polícia e ficou sete anos e meio preso, até ser solto em 2008.