Tretas do Trutis! Desmascarado pela PF sobre “atentado”, ele dispara contra os “amiguinhos”

A cada nova aparição do deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, a situação dele fica mais complicada e, dificilmente, o “nobre” parlamentar vai escapar de uma punição mais severa da Câmara dos Deputados. Em vídeo postado nas redes sociais, Tio Trutis resolveu “disparar” chumbo grosso contra a senadora Soraya Thronicke (PSL/MS) e contra o vereador Vinícius Siqueira (PSL), ambos aliados até bem pouco tempo e agora são classificados como desafetos declarado.

Na gravação, ele chama Vinícius Siqueira de mentiroso e acusa Soraya Thronicke de fraude por tentar destituí-lo da função de presidente do PSL de Campo Grande. Tio Trutis fala sobre a briga interna, que o retirou da disputa a prefeito em Campo Grande, após decisão da Justiça Eleitoral. No seu lugar ficou Siqueira, que conseguiu aval no TRE-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), após denúncia de que houve fraude na convenção.

Em contra-ataque, o deputado mostra um áudio de Siqueira dizendo que gostaria de ser candidato a vereador, e que até seria o “mais votado da cidade”. “Ele demonstra a vontade de ser candidato a reeleição (vereador), desistindo da vaga a prefeito, para a qual eu o convidei e que investimos R$ 100 mil na sua pré-campanha”, traz o vídeo.

Ainda no vídeo, ele que Siqueira “faltou com a verdade” em juízo e nas entrevistas, e que nunca “puxou seu tapete” do vereador. “Eu que fui enganado em toda esta história”. No mesmo vídeo, Tio Trutis faz ataques a Soraya ao dizer que ela cometeu fraude ao tentar retirá-lo duas vezes do cargo de presidente municipal do PSL. “Ela fez isto 48 horas após a convenção, usando a senha do sistema, para colocar seu primo no lugar”, afirmou.

Ele conta que seu desentendimento com a senadora ocorreu porque foi contra a ação para cassar o mandato de Renan Contar (PSL) e ainda demitiu do seu gabinete, um funcionário indicado pela senadora. “O Sindoley Morais (funcionário), indicado por ela, foi o único que demiti por incompetência e agora foi indicado para ser candidato a prefeito em Paranaíba”.

O deputado alega que mudou de candidato (prefeito) um dia antes da convenção, após seis pesquisas realizadas pela direção nacional do PSL. “Com base nestes números, a executiva me convidou para ser o candidato a prefeito, por isso informei o Siqueira e ainda o chamei para ser o vice ou ir para reeleição”.

GPS

As investigações da Polícia Federal revelaram toda a fraude no suposto atentado sofrido pelo “nobre” deputado federal em fevereiro deste ano na BR-060, quando se deslocava de Campo Grande para Sidrolândia. Conforme a PF, o rastreador do carro, as câmeras espalhadas pela BR-060, a perícia e a exaustiva investigação levaram a descobrir que a tentativa de homicídio, denunciada por ele era uma farsa ou, como classificou os investigadores, uma tragicomédia com dois atores: o deputado e o seu então motorista Ciro Nogueira Fidelis, atual candidato a vereador.

A apuração chega a o refinamento de indicar hora, minutos e segundos da simulação do crime. Já a perícia cravou que Trutis não sairia ileso do ataque. Os dois foram alvos ontem (dia 12) da “Operação Tracker”, que não por acaso significa rastreador em inglês. A investigação revelou que o Toyota Corolla, que exibe as marcas de tiros, é alugado pelo gabinete do parlamentar e só chegou a Campo Grande um dia antes do atentado. O carro veio de Brasília.

Até então, nos dias 14 e 15 de fevereiro, o deputado usou veículo de sua propriedade para os deslocamentos em Mato Grosso do Sul. Diante da comunicação de atentado, a PF refez os passos de Loester, afinal ele deveria estar sendo monitorado pelos autores dos tiros. Os policiais verificaram imagens de quando o parlamentar chegou a Campo Grande, com desembarque no aeroporto, e no domingo do suposto atentado.

A empresa dona do carro enviou os dados do GPS e foi verificado que o veículo não circulou somente pela BR-060, na saída para Sidrolândia. Mas entrou em estradas vicinais. “Pois os atores da tragicomédia estavam procurando o lugar para encenarem a sua peça”, detalha a PF. As câmeras de uma empresa flagraram um automóvel de cor escura saindo da vicinal e entrando na rodovia.

“É possível concluir que o veículo esteve parado no mesmo local por exatos 40 segundos, entre o horário das 05:29:02 às 05:29:42. E mais, por aproximadamente 24 segundos o automóvel esteve com a ignição desligada. Tempo suficiente para descer do veículo, efetuar vários disparos de arma de fogo e retornar para dentro do veículo”, informa o inquérito.

Nesse mesmo ponto da estrada vicinal, foram encontrados seis estojos de munição 9 milímetros onde o Corolla ficou parado.  Mesmo participando de simulação, o deputado e o motorista nunca relataram a parada nas estradas vicinais. A PF também procurou marcas de frenagem, mas nada foi localizado no trajeto.

O deputado federal Loester Trutis passou de denunciante a alvo de operação da PF. A PF recorreu a câmeras para refazer todo o trajeto de Loester no domingo do atentado. O objetivo era verificar se os passos do deputado eram monitorados. As filmagens mostraram troca-troca de lugares. Numa parada em farmácia, ele passou do banco do carona para o banco de trás do Corolla.

Contudo, as câmeras não levaram a identificar nenhum veículo envolvido no atentado. A primeira suspeita foi sobre um Marea, próximo a posto de combustível, ponto de passagem do deputado, ainda na área urbana. O condutor do carro foi identificado, ouvido pela PF e disse que trabalha como motorista de  aplicativo, informação confirmada pela empresa.

Na saída para Sidrolândia, as atenções dos policiais se voltaram para uma Fiat Strada com farol queimado. O condutor foi ouvido e disse que seguia para sua propriedade rural. Também foi ouvido o motorista de um Kangoo que seguia pela rodovia.  Ele, que é bombeiro, contou que prestou atenção no Corolla devido à baixa velocidade desenvolvida na pista. ´

A PF também verificou câmeras da Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda), que mostram o fluxo de veículos que entram e saem da cidade, de empresa e da PRF (Polícia Rodoviária Federal). O posto da PRF é o mais distante e as imagens mostram a passagem dos carros que saíram de Campo Grande próximo do horário da passagem do Corolla.  Só o carro do deputado não seguiu viagem.

Na versão dele, o atentado a tiros, vindo de uma caminhonete L-200, de cor escura e placa final 18, interrompeu a viagem. Exigindo retorno a Campo Grande. Já Ciro, que estava ao volante, não soube dar características do veículo usado no atentado. Conforme a investigação, a riqueza de detalhes passados pelo parlamentar foi apenas para inviabilizar a apuração. A Polícia Federal solicitou à PRF levantamento em dados de veículos do Estado de outras unidades da federação.

Em Mato Grosso do Sul, foi encontrada apenas uma caminhonete com as características citadas pelo deputado. Mas o estado do veículo inviabilizou a participação de atentado em alta velocidade na BR: antiga, deteriorada e sem condições mecânicas de competir com a potência de um Corolla. O trabalho técnico identificou disparos de pistola Glock 9 mm de fora para dentro do Corolla e disparos de pistola Taurus de dentro para fora do carro.

Na época do atentado, o deputado disse que revidou o atentado, o que justificaria os projéteis nos dois sentidos. Ciro forneceu senhas de celular e e-mails, mas depois fez alterações. “Essa ação tem a nítida finalidade de impedir o acesso da equipe de investigação aos dados que seriam importantes para a elucidação dos fatos. Esse comportamento causou extrema perplexidade, porquanto, na qualidade de vítima teria ele, por óbvio interesse em auxiliar”.

Após a detalhada investigação, a Polícia Federal investigou que não se tratava de possível tentativa de homicídio, mas sim de comunicação falsa de crime, dano, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo. Com informações do site Campo Grande News

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