Guerra sem fim! Facções assumem controle da fronteira e tentar impor “mexicanizaçã” entre MS e o Paraguai

Na guerra pelo controle do tráfico de drogas e de armas na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, facções criminosas brasileiras, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), promovem o “terror” exatamente como os cartéis mexicanos na América do Norte. Reportagem do programa “Domingo Espetacular”, da TV Record, mostra que nas cidades fronteiriças esses grupos criminosos promovem assassinatos, venda de armas e drogas e até disputa por espaço dentro de cemitérios.

Na matéria, a equipe de reportagem, formada pelos jornalistas Leandro Stoliar, Tony Chastinet e Rogério Gomes, mostra como a corrupção e a impunidade permitiram a construção desse cenário, principalmente, entre as cidades de Pedro Juan Caballero (PY) e Ponta Porã (MS) e entre Capitán Bado (PY) e Coronel Sapucaia (MS). A reportagem exibe o vídeo gravado a mando de Elton Leonel Rumich da Silva, o “Galã”, até então um dos principais líderes do PCC no Paraguai, em que aparecem integrantes da facção violando o túmulo do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, morto a tiros de metralhadora calibre .50 em junho de 2016.

O crime de violação do túmulo aconteceu um ano após a execução de Rafaat, considerado o chefe da fronteira até sua morte. No dia 15 de junho de 2017, três integrantes da facção criminosa paulista foram ao cemitério municipal de Ponta Porã, desenterraram o caixão do narcotraficante e atearam fogo em seu corpo. Toda a cena foi gravada pelos criminosos e o vídeo encontrado no celular de Lucas Pereira Theodoro, preso em flagrante no dia 11 de agosto de 2017 em uma operação da Polícia Federal que descobriu um “bunker” da facção paulista na fronteira.

Além dele, Jonathas Carlos Gonzales, conhecido como “Zóio”, e Luiz Henrique da Silva, o “Batata”, foram identificados como autores do crime através da imagem. O secretário municipal de Segurança de Ponta Porã, Marcelino Nunes de Oliveira, confirma que há, em curso, um processo de “mexicanização” da fronteira do Paraguai com o Brasil. Ainda na reportagem, um exemplo para essa afirmação é a fuga de 76 presos da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero por meio de um túnel cavado pelos detentos.

O Ministério Público do Paraguai investiga como tantos presos fugiram de uma vez só sem serem vistos pelos carcereiros, sendo que um dos fugitivos confirmou que a maioria dos detentos não sabia do túnel e apenas aproveitaram a oportunidade. Ainda de acordo com ele, os chefes do PCC que estavam presos no local deixaram o presídio pela portão da frente, sem serem incomodados pelos guardas. O diretor do presídio, o chefe da segurança e mais 30 agentes penitenciários já estão presos suspeitos de terem recebido R$ 335 mil como suborno dos chefões do PCC.

O programa “Domingo Espetacular”, da TV Record, reforça que a execução do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani foi o estopim para o início da guerra pelo controle da fronteira entre o PCC e o CV. A reportagem cita os narcotraficantes brasileiros Galã e Jarvis Chimenes Pavão como os precursores dessa disputa, mas, com a prisão de ambos e o fato de os dois estarem cumprindo pena no Brasil, o controle passou para o também narcotraficante brasileiro Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”, que também acabou preso em Santa Catarina, provocando o surgimento de novos líderes.

Outro ponto abordado pela equipe da TV Record é a “fuga” do Ministério Público Federal (MPF) de Ponta Porã sob a alegação de risco de segurança dos procuradores da República e de servidores. Desde 20 de dezembro do ano passado, a sede do MPF na cidade foi fechada e seus integrantes transferidos para Dourados (MS). Como a mudança havia sido autorizada pela Procuradoria da República em Campo Grande em julho do ano passado, a OAB/MS e a Associação de Juízes Federais acionou o Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) contra a medida, mas tiveram o pedido negado.

A matéria termina com as autoridades ouvidas pela reportagem admitindo que na fronteira prevalece a lei do mais forte graças ao avanço das duas maiores facções criminosas brasileiras na região. De acordo com as autoridades de segurança, nessas quatro principais cidades, o crime organizado é quem dita as regras e semelhança com a fronteira do México com os Estados Unidos está a cada dia maior.

Vai vendo!!!