Por suspeita de fuga, a Justiça de Mato Grosso do Sul autorizou a transferência do Centro de Triagem Anízio Lima, de Campo Grande (MS), para outros presídios do interior de Mato Grosso do Sul de oito presos suspeitos de ligação com a milícia chefiada pelo empresário Jamil Name, 83 anos, e pelo seu filho, Jamil Name Filho, 42 anos, o “Jamilzinho”, acusada de quatro execuções ocorridas na Capital.
Presos no dia 27 de setembro do ano passado durante a “Operação Omertà”, os oito foram transferidos em meio ao recesso de fim de ano. Seis transferências têm relação com a descoberta de plano de fuga da cela 17 do Centro de Triagem Anízio Lima, uma é consequência de localização de celulares com o detento e a oitava foi por motivos de segurança.
O preso mais recente das investigações, Eurico dos Santos Motta, 24 anos, localizado em novembro do ano passado, foi levado para a penitenciária de segurança média de Coxim. Peça-chave no processo sobre a execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, ocorrida em abril deste ano, Eurico alegou medo de represálias e a autorização para mudança de carceragem foi dada pelo juiz Mário José Esbalqueiro, da 2ª Vara de Execução Penal.
O técnico em informática estava na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) desde a prisão em 19 de novembro, na cidade de Joinville, Santa Catarina. Outro transferido é Euzébio de Jesus Araújo, apontado como segurança da família Name. Ele foi levado para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) no dia 27 de dezembro.
A mudança ocorreu mais de um mês depois de ter sido flagrado com seis celulares no PTran (Presídio de Trânsito), onde estava. Em um dos aparelhos, segundo relatório de informação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), havia diálogos de Euzébio com interlocutor negociando a compra de armamento pesado, incluindo vídeos demonstrativos de um fuzil.
Esse episódio foi usado pelo MPE (Ministério Público Estadual) para defender a necessidade de que Jamil Name continue no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN). A transferência mais numerosa, de seis detentos, ocorreu no dia 21 de dezembro. Todos são guardas civis municipais réus por desenvolver atividades ilícitas para a organização criminosa dedicada a crimes de pistolagem alvo da Omertà.
Alcinei Arantes da Silva, Rafael do Carmo Peixoto e Robert Vitor Kopestki foram recambiados para Dourados. A penitenciária de segurança Máxima de Naviraí foi destino de outros três guardas presos, Eronaldo Vieira da Silva, Rafael Antunes Vieira e Igor Cunha de Souza.
Neste caso e no de Euzébio não chegou a haver autorização o magistrado. A Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário) confirmou as transferências e informou que em relação aos seis guardas, a operação para levá-los a outra unidade prisional foi “preventiva e provisória”. A em razão da informação de plano de fuga levada ao órgão pelo Gaeco.
De acordo com o relato oficial, os presos ficaram nessas unidades até, pelo menos, ser concluída a investigação sobre o plano de escapar. Não há detalhes do que foi descoberto. A Operação Omertà levou 22 pessoas à prisão até agora. Há gente em Campo Grande, no sistema prisional estadual e no federal e também em unidades da Polícia Civil, além dos presos levados para Mossoró, Jamil Name pai e filho e dois policiais civis suspeitos de gerenciar a organização, Vladenilson Daniel Olmedo e Márcio Cavalcanti da Silva.
Recurso
Os presos tentam, via mandado de segurança, reverter a mudança. A defesa de Igor Cunha de Souza, Rafael Carmo Peixoto Ribeiro, Alcinei Arantes da Silva, Eronaldo Vieira da Silva e Robert Vitor Kopetski questiona na Justiça a decisão do presidente em substituição na Agepen que, no dia 21 de dezembro, removeu os guardas do CT do Jardim Noroeste para outras unidades do interior.
Os advogados deles alegam que a medida foi arbitrária. Igor e Eronaldo foram levados para a Penitenciária Estadual de Dourados (PED), Alcinei, Rafael e Kopetski foram encaminhados para o Presídio de Naviraí. Conforme a defesa, a transferência ocorreu sem nenhuma informação aos advogados, aos detentos e ao juízo criminal que acompanha as prisões cautelares.
No mandado de segurança, os advogados pedem que os presos sejam trazidos de volta ao Centro de Triagem ou mesmo a uma outra unidade penal localizada em Cam