Força de segurança do Paraguai “desmancha” rede de traficantes de cocaína chefiada por deputado

As forças de segurança do Paraguai, compostas pelo Ministério Público, Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e Polícia Nacional, “desmancharam” uma organização dedicada ao tráfico de cocaína chefiada pelo deputado Freddy D’ecclesiis, que era do ligado ao ex-presidente Horacio Cartes e agora está nas fileiras do Colorado Añetete.

Durante a operação policial, realizada simultaneamente em três locais diferentes, foram apreendidos 400 quilos de cocaína e sete aviões, resultando em um prejuízo milionário para a rede de traficantes. Um dos procedimentos, dirigido pelo promotor de Justiça Marcelo Pecci, foi no Distrito de Leandro Oviedo, no Departamento de Itapua, onde foram encontradas drogas enterradas e pelo menos cinco traficantes foram presos.

O promotor de Justiça Isaac Ferreira, por sua vez, liderou uma equipe que passou por um galpão em Santaní, no Distrito de San Pedro, onde pelo menos sete aviões suspeitos de operar no narcotráfico internacional foram encontrados. O hangar pertenceria à família do deputado Freddy Tadeo D’ecclesiis Giménez, que, na terça-feira (23) solicitou e obteve uma licença por tempo indeterminado para receber tratamento médico.

A terceira operação foi comandada pela promotora de Justiça Elva Caceres na região de Encarnación, em Itapua, onde foram presos outros membros da rede de traficantes que já estavam sendo monitorados há algum tempo e agora foram finalmente detidos.

O promotor de Justiça Marcelo Pecci disse que entre os presos estava o capataz da propriedade localizada em Leandro Oviedo, além de outras quatro pessoas, todas de nacionalidade paraguaia. “Agora estamos trabalhando em obter as identidades dessas pessoas, pois podem estar usando documentos faltos”, declarou.

História de D’Ecclesiis

Não é a primeira vez que o sobrenome D’Ecclesiis aparece ligado ao tráfico de drogas. Em 1997, Víctor Raúl D’Ecclesiis, irmão do deputado, foi preso por posse de drogas no Uruguai, onde ficou preso por um ano.

Além disso, em 1998, as investigações nos Estados Unidos começaram em torno de Abraão e Iván D’Ecclesiis, tio (irmão de seu pai) e primo do deputado Freddy D’Ecclesiis. Ambos foram presos em 2002 e, mais tarde, Ivan foi condenado à prisão por posse de cocaína.

Em nível local, em novembro de 2005, um pequeno avião com 600 quilos de maconha foi apreendido em uma operação executada em Paso Barreto, Concepción. Sugestivamente, no ano seguinte, em junho de 2006, o juiz Carlos Sosa Vera liberou a aeronave com o argumento de que a droga estava a 100 metros dela.

Desta forma, o avião foi levado para Amambay, onde mais tarde, em 26 de junho, caiu novamente com cocaína. O agente da época era chefiado pelo então promotor público Arnaldo Giuzzio, atual ministro do Senado, na fazenda San Antonio, da família D’Ecclesiis.

Em 20 de novembro de 2014, o então senador Arnaldo Giuzzio liderou um grupo de legisladores da Comissão Anti-Narcóticos que apresentou um relatório sobre políticos ligados ao narcotráfico. Na folha de pagamento estavam Freddy D’Ecclesiis, Marcial Lezcano, Carlos Sanchez, o apelido “Chicharõ”, Bernardo Villalba e Magdaleno Silva.

No caso específico do deputado Freddy D’Ecclessis, provas documentais fornecidas pelo Senad apontaram que o parlamentar tinha ligações com traficantes de drogas que operavam no norte. O político do Colorado havia rejeitado as ligações com o tráfico de drogas. “Eu estava injustamente ligado ao tráfico de drogas e, através da mídia, à narco-política”, disse ele em 26 de março de 2015, durante uma sessão na câmara baixa.