Um dos líderes emergentes da facção criminosa brasileira “Os Manos”, que seria uma das células independentes que trabalham para o poderoso PCC (Primeiro Comando da Capital), foi capturado ontem (25) na cidade paraguaia de Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil, com uma mulher e três outros assassinos.
O grupo seria responsável por pelo menos 50 homicídios e operava em parceria com o traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, que foi extraditado para o Brasil no fim do ano passado.
O procedimento, que foi supervisionado pelo promotor de Justiça Manuel Rojas e executado por agentes especiais da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), foi realizado no sétimo andar de um edifício no centro de Ciudad del Este.
No local, estavam localizados Deivid Andriel de Mello, mais conhecido como “DD”, que se mudou para o Paraguai com o falso nome de Fabio Andre de Deus, e seus guarda-costas Fernando Domingo dos Santos, Luís Fernando Demitte e Alceu Ribeiro, que usava a identidade falsa de Rodrigo Pinheiro Cardozo. Com o grupo também estava Juliana Caldeira de Aguiar, que foi presa no terceiro andar depois que saltou da sacada do apartamento tentando escapar.
A localização dos criminosos foi fornecida por agentes da Polícia Federal de Santa Cruz do Sul (RS), uma cidade localizada a 150 quilômetros de Porto Alegre (RS), e a 690 quilômetros de Ciudad del Este. Na verdade, os federais participaram da operação como observadores.
No celular do líder da facção criminosa foram encontrados vários vídeos nos quais ele manipulava fuzis, que foram oferecidos para venda a outras facções criminosas. Os cinco detidos foram expulsos e entregues à Polícia Federal do Brasil.
Deivid Andriel de Mello, também conhecido como “DD”, é filho do conhecido narcotraficante do Rio Grande do Sul, Osni Valdemir de Mello, o “Sapo”, que quando foi capturado pela última vez, em 17 de fevereiro de 2016, assegurou à imprensa que traficava cocaína até 2012.
DD, atualmente com 26 anos de idade, era fugitivo desde 17 de novembro de 2017, quando liderou a fuga de 26 detentos da prisão regional de Santa Cruz do Sul, onde cumpria uma pena de 43 anos por um tiroteio ocorrido em 27 de março de 2016 que resultou em uma morte e dois feridos, na cidade de Passo do Sobrado (RS). De acordo com os dados da Senad, DD e seus cúmplices detidos ontem foram responsáveis por pelo menos 50 homicídios.
Aparentemente, essa célula da facção “Os Manos” se instalou em Ciudad del Este para se abastecer de armas para o resgate do chefe Antonio Marco Braga Campos, o “Chapolin”, que está preso na Penitenciária Federal de Charqueadas, a 105 quilômetros de Santa Cruz do Sul.
Chapolin, o chefe direto dos detidos de ontem em Ciudad del Este, é tão poderoso que ele autorizou e negociou diretamente com Jarvis Chimenes Pavão a distribuição no Estado do Rio Grande do Sul da cocaína que era traficada da Bolívia para o Paraguai. Um negócio milionário que era administrado por Pavão de sua cela na prisão de Tacumbú, no Paraguai, onde ele estava preso até julho de 2017.
Essa informação foi revelada pela própria Justiça brasileira em um dos pedidos de extradição enviados por Jarvis e originados em Porto Alegre. Para este caso de tráfico internacional de drogas, Pavão pode receber uma pena de até 33 anos de prisão, o que então teria que ser adicionado aos 17 anos e 9 meses que ele atualmente cumpre por crime semelhante em Balneario Camboriú, no Estado de Santa Catarina.
Jarvis, que foi extraditado para o Brasil no dia 29 de dezembro do ano passado, passou oito anos preso no Paraguai. Agora, ele está preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, a 4 mil quilômetros de Assunção, no Paraguai.