Subtenente do Exército mantinha mulher em cárcere privado há 15 anos em Anastácio. Cadeia nele!

A Polícia Militar conseguiu libertar uma mulher de 34 anos que foi mantida em cárcere privado há 15 anos em Anastácio (MS) pelo próprio marido, um subtenente do Exército, 53 anos, que já está na reserva.

Conforme a PM, o suboficial do Exército usava de violência psicológica e ameaças para garantir que a vítima ficasse afastada da família que é de Manaus (AM). O casal, que tem dois filhos – menino de 8 e menina de 6 -, estava junto há 17 anos e morava no Amazonas, até que o subtenente foi transferido para Aquidauana (MS).

Desde então, ela passou a ser proibida de manter contato e visitar a família em Manaus. Para manter a mulher presa, o militar fazia ameaças dizendo que caso ela saísse ele tinha arma de fogo em casa e ela sabia o que aconteceria.

Além disso, prometia que a levaria para visitar a família, porém, caso ela fizesse algo que ele não aprovasse, a viagem era adiada e ainda ameaçava afastá-la dos filhos caso ela decidisse ir para o Amazonas.

A investigação ainda apontou que o pai da vítima chegou a buscá-la há alguns anos e encontraram a mulher há sete dias sem tomar banho, sem fazer qualquer tipo de higiene pessoal e levantou suspeitas de que o militar estivesse dopando a esposa com algum remédio para mantê-la presa.

Na ocasião, o pai conseguiu levá-la para o Amazonas, mas sem as duas crianças já que o militar não autorizou que eles fossem juntos. Foi assim que ele conseguiu que a vítima voltasse para casa algum tempo depois e o ciclo de violência continuou, de forma pior, até novembro deste ano quando ela foi resgatada.

O homem se mudou para Anastácio, há mais de 15 anos. Recentemente a família chegou a ficar sem notícias da mulher por três meses porque o militar foi com a esposa e filhos para a Bolívia. Em certo momento, ela conseguiu ligar para a mãe em uma parada de ônibus, mandar a localização e pedir socorro.

Foi através dessa ligação que um primo da mulher, que também é militar, acionou a PM, que ficou sabendo da situação no fim de outubro deste ano. Ele encaminhou cópias do documento da vítima e as informações sobre a família foram levantadas.

Por conta do medo que a mulher tinha da polícia, a equipe da PM trabalhou com cautela para ter acesso à família. Foi pedido apoio do CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher) e foram à casa da vítima, em um dia em que o subtenente não estava.

A princípio ela não quis atender as equipes, até que um dos integrantes informou que haviam sido chamados pela mãe da mulher, foi então que a vítima foi até o portão da residência, porém, ela não quis ir embora porque o filho havia saído com o marido.

Um mês depois a mãe da mulher avisou a equipe que estava vindo de Manaus e gostaria de ajuda para retirá-la da casa. Ela veio acompanhada de um dos irmãos da vítima, eles ficaram em um hotel custeado pelo CRAM de forma que o subtenente não soubesse, porque ele já estava com um motorhome equipado para fugir com a família.

De forma rápida as equipes do CRAM e da PM conseguiram ajustar para que a mulher arrumasse suas malas e saísse da casa. O Conselho Tutelar foi avisado porque o militar se negou a entregar as crianças. Ele dizia que a esposa era doente e não cuidava dos filhos e que a residência era suja por culpa dela.

Foi então que a PM conversou com ele e afirmou que ele deveria liberá-la para tratamento já que ela estava doente e que eles a levariam para delegacia porque se ele tivesse condições poderia pagar uma pessoa para cuidar da residência. Ele então liberou o filho e todos saíram do local.

Um boletim de ocorrência de violência doméstica foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Anastácio no dia 25 de novembro deste ano e medida protetiva foi concedida pela Justiça para a mulher que foi levada pela família para Manaus e já está se recuperando. Na ocasião, ela estava há dias sem tomar banho.