A artesã colombiana Diana Palacios Reynel, de 37 anos, que foi presa na segunda-feira (16) em Bonito (MS) pela PMA (Polícia Militar Ambiental) com nove carcaças de animais decoradas, disse que “quis dar uma segunda vida para os animais, mas em forma de arte”.
A prática, que Diana Reynel defende como um gesto artístico, acabou enquadrada como crime ambiental. Segundo a PMA, ela infringiu o artigo 29 da Lei 9.605, que proíbe a comercialização de produtos oriundos da fauna silvestre sem autorização. Foram nove crânios apreendidos, sendo que cinco eram de cachorro, um era de cervo, um de jacaré e dois de porcos, de acordo com a artesã.
Ela transformava crânios e ossos em peças decorativas, pintando-os ou incorporando-os em acessórios como brincos e colares. Para a artesã, era uma forma de arte que também servia para conscientizar sobre a preservação ambiental.
“Pelo fato de ser uma matéria-prima encontrada na estrada, nunca me passou pela cabeça que fosse algo errado. E há muitos bichos encontrados na estrada, o que chega a surpreender. Se você, de carro, que é rápido, consegue ver, imagine eu que ando de bicicleta e vou devagar. Vejo muitos”, relatou.
A artesã também explicou que nunca imaginou que a prática pudesse ser considerada ilegal no Brasil. “Eu não sabia que era um crime ambiental vender os ossos. Eu não sabia disso, só fiquei sabendo quando fui abordada. Nem o policial ambiental sabia classificar direito, ele demorou para achar o artigo correto”, afirmou.
Diana Reynel contou que recolhia os restos de animais que encontrava já em avançado estado de decomposição na beira das rodovias. “Nunca matei nenhum animal, jamais faria isso. Eu apenas recolho o que foi abandonado na estrada”, revelou.
Após sair da Colômbia, ele declarou que percorreu vários países da América Latina de bicicleta. Ao chegar ao Brasil, ficou encantada com a biodiversidade, mas também chocada com o número de animais atropelados nas rodovias.
“Na BR-262, eu notei a quantidade de animais atropelados. Para mim, foi chocante, ainda mais em um local que se coloca como um ponto de ecoturismo. Então, eu vi uma chance de reaproveitar essa matéria, porque muitas vezes ficam jogados ali. Nunca vi algum órgão fazendo o recolhimento desses animais”, relatou.
A artesã reforçou que a intenção nunca foi violar a lei ou omitir a origem do material utilizado em suas artes. “Eu estou tão perdida com isso. É inacreditável, porque é algo que faço há anos, e já parei várias vezes em pontos da Polícia Ambiental, mas nunca me falaram nada sobre ser errado. Era algo que eu não fazia escondido. Era exposto, todo mundo sabia”, argumentou.
Além de divulgar o processo artístico nas redes sociais, Diana também relata que já participou de eventos locais, como o Festival de Inverno de Bonito, expondo suas peças publicamente. “Nunca me disseram que era proibido. Inclusive, sempre fui transparente sobre o que fazia”.
Preocupada com a regularização de seu trabalho, Diana Reynel disse que já encaminhou uma Carta Consulta ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para entender se pode legalizar sua atividade. “Tenho registros fotográficos de tudo que coleto, para provar que não caço ou mato animais. Quero saber se é possível continuar de forma regular”, pontuou.