Policial civil é condenado por ter ajudado delegado “xerifão” a matar boliviano em Corumbá

O investigador da Polícia Civil Emmanuel Nicolas Contis Leite foi condenado a perder o cargo por ter ajudado o delegado da Polícia Civil Fernando Araújo da Cruz no assassinato do pecuarista boliviano Alfredo Rangel Weber dentro de uma ambulância a caminho de hospital em Corumbá (MS) no dia 23 de fevereiro de 2019.

 

O Conselho de Sentença decidiu pela condenação do policial civil nos crimes de coação no curso de processo e fraude processual. Ainda conforme a sentença do juiz Idail De Toni Filho, presidente do Tribunal do Júri de Corumbá, Emmanuel Leite deve cumprir dois anos de prisão e um ano de reclusão, além de perder o cargo.

 

Para o magistrado, o policial civil aproveitou-se do cargo público para cometer os crimes pelos quais foi condenado e teria ajudado a coagir testemunhas intimadas após o assassinato do boliviano Alfredo Weber. Além disso, teria alterado a caminhonete S10 e a arma do delegado Fernando da Cruz para induzir a Perícia e a Justiça ao erro.

 

O investigador da Polícia Civil chegou a ser preso por conta do processo que trata do homicídio de Alfredo Weber, enquanto o delegado Fernando da Cruz, que era titular da Daiji (Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e do Idoso) de Corumbá, foi condenado por homicídio duplamente qualificado por emboscada e impossibilidade de defesa da vítima.

 

O delegado cumpre sentença de 16 anos de prisão, pena que inicialmente era de 20 anos e foi reduzida. O boliviano Alfredo Weber foi esfaqueado em uma festa e depois socorrido, sendo levado de ambulância para Corumbá. No entanto, conforme as investigações apuraram, o delegado interceptou a ambulância e o matou a tiros antes de chegar ao hospital.

 

Fernando da Cruz pensou que não teve testemunhas do crime, mas acabou informado por Emmanuel Leite de que a irmã da vítima estava na ambulância e viu o assassinato. Assim, testemunhas foram coagidas, sendo uma delas o motorista da ambulância, que teve como advogada a mulher de Fernando da Cruz.

 

No entanto, o que o casal não esperava era que policiais bolivianos e até um promotor de Justiça usassem de chantagem para extorquir os dois, com pedido de R$ 100 mil para que não implicassem o delegado ao assassinato. Na tentativa de encobrir os rastros do crime, até execuções dos policiais e delegados bolivianos que estavam investigando o caso foram arquitetadas por Fernando da Cruz e Emmanuel Leite, que informava ao delegado todos os passos das investigações.

 

Nesta semana, a Corregedoria da Polícia Civil ouve testemunhas em audiência do caso que envolve o delegado Fernando da Cruz, condenado pela morte do boliviano Alfredo Weber. A audiência faz parte do processo administrativo investigado pela Corregedoria e que pode acabar na demissão de Fernando da Cruz da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.