Paraguai dispensa ajuda dos EUA no combate ao narcotráfico. Agora a fronteira vira caos de vez!

Em uma decisão muito suspeita, as autoridades governamentais do Paraguai decidiram, de uma hora para outra, encerrar a parceria entre a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai) e a DEA (Drug Enforcement Administration), a agência antidrogas dos Estados Unidos, no combate ao narcotráfico no país vizinho a Mato Grosso do Sul.

A medida foi tão inesperada por parte do governo norte-americano, que até ganhou uma publicação do jornal The Washington Post, um dos mais renomados dos Estados Unidos, estranhando o fim da parceria que já durava anos.

Conforme a publicação norte-americana, a DEA tem no Paraguai cerca de 300 agentes integrantes, que ajudavam a Senad no combate aos narcotraficantes que atuam na região de fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.

Além disso, esses agentes de elite norte-americanos davam treinamento para os policiais da Senad e repassavam equipamentos dos Estados Unidos para a força paraguaia, como armas e munições de ponta.

A parceria entre a Senad e a DEA foi firmada ainda durante a ditadura do ex-presidente Alfredo Stroessner, que comandou o Paraguai durante quase 35 anos, de agosto de 1954 até fevereiro de 1989.

Diante da repercussão negativa que o fim desta parceria estava causando, o ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera, convocou uma coletiva de imprensa negando que o Paraguai estava abrindo mão da ajuda da DEA.

Ele garantiu que a partir de agora esse apoio dos EUA será redirecionado à Polícia Nacional do Paraguai, que está longe de ser um grupo de elite, enquanto os agentes da Senad têm como única missão o combate ao narcotráfico, assim como a DEA.

Um dos primeiros a reagir foi o ex-presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, que classificou o rompimento como um “grande retrocesso” no combate ao narcotráfico, que, segundo ele, não tem mais fronteiras.

O deputado colorado Maurício Espínola é outro que não poupou críticas. “Sem cooperação internacional, a luta contra o crime organizado é impossível”, afirmou. Outro deputado, Gerardo Soria, disse que a medida é mais um passo para transformar o Paraguai em um “Narco Estado”.

Conforme oposicionistas, o rompimento aconteceu depois de uma operação policial em que foi morto o deputado Lalo Gomes, em 19 de agosto deste ano, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS).

Lalo Gomes era investigado por supostamente ser o responsável pela lavagem de dinheiro de narcotraficantes, como os brasileiros Fernandinho Beira-Mar, Cabeça Branca e Jarvis Ximenes Pavão.

Oficialmente, o parlamentar teria reagido a tiros a uma operação policial em sua casa. Para familiares, porém, ele teria sido executado por agentes da Senad. Os deputados de oposição ao atual governo disseram que o rompimento pretende impedir que a DEA interfira nas investigações que poderiam resultar na descoberta de que integrantes do Governo integram grupos de narcotraficantes, principalmente de cocaína.