Na maior cara de pau do mundo, o ex-goleiro Bruno Fernandes resolveu, nesta altura do campeonato, a contestar a paternidade do filho que teve com Eliza Samúdio para evitar o pagamento de R$ 650 mil de pensão atrasada.
O exame de DNA já foi feito e o resultado, ainda desconhecido, será anexado em ação paralela que o condenou ao pagamento da pensão, mas que também corre na Justiça de Mato Grosso do Sul.
A esperança do ex-jogador é que, na hipótese de não ser o genitor, se livre de arcar com despesas como pensão alimentícia, ficando somente com as indenizações referentes ao assassinato da mãe da criança.
Ele conta que em 2014, quando o processo indenizatório foi ingressado, não permitiu que seu material genético fosse colhido por medo de ser usado para incriminá-lo. Mas como acabou condenado e agora cumpre pena em liberdade, decidiu fazê-lo.
Além disso, justificou não ter provas de que tentou forçar Eliza Samúdio a interromper a gravidez, sendo que foi condenado “apenas” por sequestrar, matar e esconder o corpo da vítima.
“Apesar de atribuir a prática de alguns atos ilícitos ao apelante (Bruno), não há provas de que ele tenha efetivamente perpetrados os cinco primeiros episódios que a sentença condenatória apenas abarcou os crimes de homicídio qualificado, cárcere privado e ocultação de cadáver”, alegou a defesa composta por dois advogados de São Paulo.
Na ação que pede indenização moral e material ao menino Bruninho, representado pela avó materna, Sônia Marcelo Moura, há afirmação de que o ex-goleiro, ainda durante a gestação do garoto, tenha ameaçado, agredido e tentado forçar Eliza Samúdio a abortar.
Além das indenizações, o juiz Deni Luis Dalla Riva,da 6ª Vara Cível de Campo Grande, fixou valor que somando corresponde à pensão alimentícia desde que o menino nasceu até seus 25 anos. Para derrubá-la a defesa argumenta que Bruno já o paga mensalmente, conforme ficou decidiu em ação que tramita no Rio de Janeiro.
Vale lembrar que ele teve mandado de prisão expedido justamente porque acumulou meses sem pagar o determinado pela Justiça carioca, inclusive arrecadou mais de R$ 25 mil na internet para quitar a dívida e sanar o pedido de prisão.
Seguindo argumentação com objetivo de reverter a condenação, o recurso diz que a mãe de Eliza Samúdio não conseguiu comprovar documentalmente que o neto tenha sofrido com a morte da mãe, pois não há “sequer um laudo psicológico de eventual acompanhamento que justificasse uma indenização no patamar arbitrado”.
Na sentença o juiz determinou valor de R$ 500 mil levando em consideração o abalo emocional de Bruninho diante da ausência materna, agravado pela forma como Eliza foi retirada da vida do filho.
O total, no entanto, é “excessivo e tem cunho egoístico”, segundo Bruno que se diz impossibilitado de pagar, mesmo que economizasse por toda sua vida. Tanto que, para ele, ficou evidente a falta de provas de que possa arcar com o montante estipulado, pois até hoje não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho, fato que ele associa à repercussão nacional e internacional dada a sua condenação pela morte de Eliza Samúdio.
Por fim, diz que Bruninho não tem idade suficiente para entender o que aconteceu, portanto o valor é alto demais para “compensar o sofrimento vivenciado”.