Novela continua! Coronel PM que prendeu capitão também fez “brincadeiras” com sargento

O tenente-coronel PM Antônio José Pereira Neto, que mandou prender de forma ilegal o capitão PM Felipe dos Santos Joseph após uma discussão sobre a sexualidade dele, também teria feito brincadeiras homofóbicas contra um sargento PM. A informação está em áudio do diálogo entre Antônio Neto e Felipe Joseph entregues na manhã de hoje (29) à Corregedoria da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul).

Segundo o site Campo Grande News, o MPM (Ministério Público Militar) já está investigando o oficial superior desde o dia 21 de agosto de 2020, um dia após o tenente-coronel ter imitado o capitão de forma pejorativa e com trejeitos na DRSP (Diretoria de Recrutamento, Seleção e Promoção) do Comando Geral da PMMS.

No local estavam militares que também eram subordinados do capitão. Depois de ter conhecimento do fato, Felipe Josehp, que é um policial assumidamente gay dentro da corporação, teve uma conversa com o tenente-coronel pedindo para que não fizesse mais nenhum tipo de brincadeira. No áudio, Antônio Neto confirma que exagerou e pede desculpas.

“Realmente eu exagero na brincadeira, mas isso serve para me cuidar muito mais. Me desculpa, jamais quis te magoar. Que bom que me procurou e me falou, se não falasse eu ia brincar de novo”, afirmou o tenente-coronel. Ele ainda revelou que cometeu o erro outras vezes dentro da PM. “O certo é evitar brincadeira. Às vezes a gente brinca para o ambiente ficar mais leve, mas depende pode se tornar ofensiva. Lá na cavalaria eu fiz uma brincadeira com um sargento que era da minha turma”, contou.

Hoje, o tenente-coronel é o atual comandante da Cavalaria e foi promovido no dia 12 de julho, após o episódio da prisão considerada pela Justiça ilegal. Atualmente, ele está de férias, enquanto o capitão foi transferido para o 10º BPM (Batalhão de Polícia Militar), que, segundo a defesa, é o pior batalhão da Capital.

Agora o advogado do capitão, Anderson Yamada, quer comprovar que o tenente-coronel Neto sempre teve um comportamento antiprofissional. “Ele mesmo admite que já teve problemas nas unidades.  Está provado que ele tem um comportamento inadequado no ambiente do trabalho. A defesa reitera o estado de perplexidade com o comando da instituição que premia o opressor e pune os que têm coragem de denunciar práticas criminosas.”

A defesa vai além, destacando que a atitude do Comando Geral da PM desestimula outras possíveis denúncias do tipo praticadas dentro da corporação. “São fatos gravíssimos e a PM demonstra inabilidade e protecionismo com o tenente-coronel Neto sobre os quais pesam graves acusações. Isso é um erro histórico.”

Procurado pela reportagem, o tenente-coronel Neto afirmou que queria evitar polêmica sobre o assunto. “A brincadeira que eu fiz com o rapaz não foi sobre orientação sexual. Ninguém sabia na Diretoria da opção sexual dele. Ele era casado com uma mulher e só sabíamos que estava divorciado. A brincadeira que eu teria feito era sobre outro fato, questão de serviço”, enfatizou.

Segundo o tenente-coronel Neto, depois do episódio ocorrido no ano passado, em que foi gravado, nunca mais houve brincadeiras semelhantes. “Tratava ele com o maior respeito e consideração que tive. O áudio da polêmica sobre policial raiz e nutella não era para ele.”

O áudio pejorativo sobre homossexuais compartilhado no grupo da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul,  provocou denúncia de homofobia ao Ministério Público Militar, apresentada pelo capitão Joseph. O teor da postagem não foi divulgado, apenas citam se tratar de uma piada sobre as buscas por Lázaro Barbosa, com imagem de dois policiais penais do Distrito Federal.

Gay, dentro de uma corporação conservadora, ele sentiu-se ofendido, declarou sua opinião contrária, saiu do grupo e levou o caso ao MPM. No dia seguinte, 8 de julho, Felipe foi chamado para prestar declarações, supostamente sobre outros motivos, considerou se tratar de coação, negou as respostas e acabou preso por desrespeitar um superior.

O juiz Albino Coimbra Neto considerou a prisão indevida e não homologou o auto de prisão em flagrante. Ele entendeu que não houve desobediência, porque o assunto não tinha relação com o serviço militar. “Deve obediência o policial militar a assuntos de seu ofício militar, unicamente. Por isso, preenchidos os requisitos legais, deixo de homologar o auto de prisão em flagrante delito e determino o relaxamento da prisão”, escreveu o juiz.

Vai vendo!!!