Governador diz que protestos indígenas por falta d’água têm “interesses políticos”

O governador Eduardo Riedel classificou, ontem (27), os protestos dos povos indígena da região de Dourados (MS) por falta d’água nas aldeias Jaguapiru e Bororó como “interesses políticos”. “O Governo não pode tolerar para além da discussão e negociação que se estendeu por três dias uma paralisação do Estado”, declarou.

Ele ainda completou que, “a hora em que se fecha uma rodovia, inibe o direito de ir e vir, trabalhadores que não chegam na fábrica, gente que não passa”. “Entendo que a reivindicação é justa e, por isso, foi negociada, mas o tempo todo sendo procrastinada por interesses políticos e tem um BO [boletim de ocorrência] feito contra a pessoa que estava incentivando as comunidades”, disse.

Nas palavras do governador, o desbloqueio do trecho estava acertado com os indígenas, porém, a área de interdição da rodovia teria sido retomada por incentivo de uma pessoa específica, que estaria manipulando as comunidades locais. “O Governo não pode ficar refém de interesses políticos dentro da comunidade indígena que a gente tem o maior respeito. Três dias o Estado parado e nós negociando. Aí ontem, por interferência de uma pessoa e de correntes de instituições públicas federais, dizendo ‘vamos continuar, pressionar, que o presidente deve vir aí’… isso não podemos aceitar”, complementou.

O Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul foi empregado para acabar com os pontos de bloqueio já nas primeiras horas de ontem (27). Não demorou para que as imagens da atuação do Choque na região começassem a tomar as redes, com vídeos que mostram uma dezena de policiais militares perfilados com escudos, enquanto quatro agentes, que estavam completamente paramentados, tentam imobilizar um indígena e outro realiza disparos contra as mulheres que tentavam conter a onda de violência.

“Infelizmente, no confronto sempre tem dano. A gente não quer isso. [Estamos] e vamos continuar trabalhando pelas comunidades indígenas, mas a gente tem que saber manter a ordem, o desenvolvimento, o direito das pessoas de irem e virem e não é dessa maneira que a gente vai construir resultado”, apontou o governador.

Conforme a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), a Polícia Militar agiu para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas após “todas as vias de negociação” se esgotarem. “As forças de segurança manterão efetivo para garantir a paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas político-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito. Em tempo, o governo de MS, por meio da SEC, se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos”, citou.