Nomeado em novembro de 2019 pelo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), para o cargo de superintendente-regional do Trabalho em Mato Grosso do Sul, Jaber Cândido, foi condenado por improbidade administrativa por usar o carro oficial para frequentar as aulas de Direito da Anhanguera-Uniderp, em Campo Grande (MS). De acordo com o site O Jacaré, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, condenou Jaber Cândido pela irregularidade praticada quando comandou a Secretaria Estadual da Juventude em 2014, na gestão do ex-governador André Puccinelli (MDB).
Conforme a sentença, o MPE (Ministério Público Estadual) provou que ele usou o veículo oficial, cedido pela Justiça Federal, para frequentar a aula do curso de Direito no dia 13 de agosto de 2014. “É incontroverso que o requerido utilizou veículo oficial para comparecer à Universidade Anhanguera, onde cursava Direito, no dia 13.08.2014”, concluiu o juiz. Jaber Cândido foi condenado por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito a pagar multa civil equivalente ao salário pago na época como secretário. O valor de R$ 21.373,02 deverá ser corrigido com juros e correção monetária, sendo que o magistrado não fixou período em que o superintendente ficaria inelegível.
O curioso é que o ex-secretário estadual da Juventude foi condenado pelo uso do veículo oficial por um único dia. A sentença pode ser considerada exagero para alguns, mas pode sinalizar uma vitória para parte da sociedade que luta pela tolerância zero com a corrupção em Mato Grosso do Sul e no Brasil. Afinal, o dinheiro é público e não está para ser usado como se fosse particular pelos servidores públicos comissionados e concursados. Após o caso virar manchete, Jaber Cândido procurou a Justiça e pediu o fim da cessão do uso do veículo pela Secretaria da Juventude. Ele alegou que ficou 40 dias com o carro. O cargo de secretário foi exercido por cinco meses, entre julho e dezembro de 2014.
O superintendente-regional do Trabalho alegou que usou o carro oficial para participar de reunião com o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Anhanguera-Uniderp para discutir a implantação do projeto “Estação Juventude”. No entanto, não houve nenhuma ata ou ofício para confirmar a reunião. A universidade informou que o DCE estava inativo e não tinha autonomia para discutir o convênio. O único integrante da entidade estudantil, que confirmou a reunião, era assessor de Cândido na Secretaria Estadual da Juventude.
Ele alegou que não participou da aula naquele dia, porque tinha outros compromissos. No entanto, a folha de presença mostra que o superintendente participou das quatro aulas daquela noite. O motorista, em depoimento, contou que ficou aguardando o final da aula e levou Jaber Cândido para pegar o carro na secretaria.
Para Ariovaldo Nantes Corrêa, ficou provado que Jaber Cândido compareceu única e exclusivamente para frequentar a aula do curso de Direito. O total gasto com o combustível do veículo foi de R$ 617,78, conforme o MPE. Jaber Cândido poderá recorrer da sentença ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Ele foi candidato a vereador da Capital pelo PTB e PSC, mas nunca se elegeu. Também foi assessor do deputado estadual Coronel David (sem partido).
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