A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), que é evangélica praticamente, “fechou os olhos” para a aprovação, pela Câmara Municipal, da destinação do 13 de maio como “Dia do Preto Velho”.
O projeto de lei precisou ser promulgado pelo presidente da Casa de leis, Carlos Augusto Borges (PSB), o “Carlão”, já que a prefeita fez questão de ignorar.
Como bem detalha a autora da proposta, vereadora Luíza Ribeiro (PT), a construção de uma legislação é feita com a participação de ambos os poderes, Legislativo e Executivo, que possuem representantes nas mais variadas instâncias, federal; estadual e municipal.
Luíza é categórica em dizer que o projeto não foi sancionado, porém, também não foi vetado, detalhando ainda quais seriam as três opções da atual chefe do Executivo municipal: sancionar e aprovar; vetar e rejeitar ou
silenciar no prazo de 15 dias.
“No silêncio, na ausência de manifestação do chefe do Executivo, o projeto é retornado para o chefe do Legislativo, que tem uma só atitude, promulgar a lei em nome da sociedade que representa, que é o povo de Campo Grande”, citou a parlamentar.
Para Luíza, houve a recusa da prefeita em tomar atitude de aprovação da lei, uma vez que, por outro lado, não tinha também razões legais para vetar a proposta, cita a vereadora, que agradece ao presidente da Casa pela “sensibilidade”.
“De reconhecer, porque é uma formulação simples, mas tem muito valor e conteúdo humano, porque toca numa das coisas mais importantes das pessoas, a sua liberdade, o seu direito de professar a sua religião, sua crença e sua fé”, complementou.
Ainda, ela ressalta a importância quando o reconhecimento vem por parte do poder público, pois valoriza o direito das pessoas de terem a fé de Umbanda, expressa também pela figura do Preto Velho.
“Além disso, estamos trabalhando contra o racismo ao povo negro, escravizado durante quase 300 anos aqui no Brasil. Foram sequestrados em seus países, trazidos à força e essa escravização do povo negro repercute até hoje em comportamentos racistas”, reforçou.
Por fim, ela complementou que, ao homenagear essa figura de pessoa com negra detentora de sabedoria, o Dia do Preto Velho torna-se também uma forma de combate ao racismo.
“Um negro velho, aposentado, que orienta as suas pessoas, que protege, que dá as bênçãos, quando fazemos isso, nós estamos combatendo o racismo e promovendo uma sociedade mais humana”, pontua.
Enquanto isso, a prefeita marcou presença no “café do conselho de pastores” para Lançamento da Marcha para Jesus 2024 – marcada para acontecer em 26 de agosto -, ocasião também em que Adriane recebeu uma “oração poderosa, direta do Trono de Deus”, segundo a chefe do Executivo.
Declaradamente “cristã, evangélica e conservadora”, a atual prefeita de Campo Grande faz questão de deixar a posição permear as ações de seu mandato, como exemplo do último lançamento da Semana da Criança, que tinha organizadores também os Conselhos de Pastores de Mato Grosso do Sul e Campo Grande (Consepams e Consepacg).