Contra avanço da pistolagem na fronteira com o Paraguai, Estado quer ampliar uso de tecnologia

O Governo do Estado, por meio da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), aposta na tecnologia para identificar e prender os pistoleiros que atuam na região de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, onde há centenas de execuções insolúveis.

 

Segundo o titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira, o Estado recebeu equipamentos que produzem imagens em alta definição de projéteis e estojos encontrados em locais das execuções, que vão substituir a análise manual feita até então pelos peritos criminais.

 

O secretário afirmou que a ideia é interligar a ferramenta não só ao Sistema Nacional de Análise Balística, mas também ao banco de dados do Paraguai. Ele deu como exemplo o fato de as forças de segurança do Estado ter identificado que uma arma usada em um crime em Ponta Porã também foi utilizada na morte de um policial no Paraguai.

 

Antônio Carlos Videira também falou sobre a nova onda de assassinatos na linha internacional e relembrou que a guerra pelo controle do crime organizado acontece há pelo menos 25 anos. Conforme ele, a recente ascensão da facção carioca Comando Vermelho em Mato Grosso do Sul, apontada no âmbito da Operação Bloodworm, não é “novidade”.

 

Apesar de o PCC (Primeiro Comando da Capital) ser a facção dominante do submundo do crime dentro e fora dos presídios, Antônio Carlos Videira lembrou que o grupo carioca atua na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul há pelo menos duas décadas e meia.

 

O Comando Vermelho veio para Mato Grosso do Sul na década de 90, quando a família Morel, que foi dizimada, era a fornecedora de drogas. Depois, o Comando veio com o Fernandinho Beira-Mar para Capitán Bado e Coronel Sapucaia.

 

Segundo ele, a facção carioca veio para a fronteira para controlar toda a cadeia do tráfico, desde a produção da maconha até a distribuição. Com a execução do chefe da pistolagem na fronteira, Marcio Ariel Sánchez Giménez, o “Aguacate”, Antônio Carlos Videira disse não esperar um novo banho de sangue, como o que foi desencadeado com o assassinato de Jorge Rafaat Toumani em 2016.

 

Na sua avaliação, Marcio Sánchez e o sul-mato-grossense Cleber Riveros Segovia, 31 anos, o “Dogão”, que foi assassinado no Paraná em outubro de 2010, eram sicários, como os matadores profissionais são chamados no Paraguai, mas não chegaram a se candidatar ao posto de chefão.

 

O secretário explicou que o crime organizado é uma grande empresa que visa o comércio de ilícitos. Se o cabeça for morto, se ele for preso, se tiver de sair de atuação, a empresa continua a funcionar. O Rafaat era um grande gestor e detinha grande cadeia centralizada nele. Os que vieram na sequência foram presos.

 

Antônio Carlos Videira cita que antes a fronteira tinha uma grande liderança, que era Fahd Jamil, depois o posto chegou a ser ocupado por Rafaat, mas atualmente existe descentralização, com diversas pessoas responsáveis em operacionalizar o esquema.