Segundo eles, o grupo cercou o veículo deles e disseram que “não eram bem-vindos”. Conforme o registro do Boletim de Ocorrência, o trio estavam no local após participarem de uma assembleia indígena Aty Guasu para verificar uma denúncia de sequestro de uma família Guarani Kaiowá para a produção de um vídeo documentário.
“Por volta das 15h30, próximo ao território da retomada, encontramos uma série de veículos, a maioria caminhonetes, bloqueando a passagem e resolvemos dar a volta e retornar. Neste momento, os veículos com mais de 30 pessoas não indígenas os seguiram e abordaram. Mesmo explicando que estavam lá somente cobrindo midiaticamente o acontecimento, os agressores os deitaram no chão e iniciaram uma série de agressões. Cortaram meu cabelo com uma faca e outros me deram chutes nas costas e costelas”, relatou o jornalista canadense Renaud Philippe, de 39 anos.
“Abriram nossas bagagens, levaram máquinas fotográficas, equipamentos cinematográficos, dois Iphones e demais instrumentos que utilizamos, nossos documentos pessoais e passaportes”, avalia o jornalista Renaud Philippe, que calcula um prejuízo de pelo menos 20 mil dólares
Sua esposa, a também jornalista Ana Carolina Porto, de 38 anos, conta que antes de caírem em uma emboscada haviam passado por um posto do DOF (Departamento de Operações na Fronteira), mas que não foram alertados sobre uma possível área de conflito.
“Haviam pessoas armadas com revólver e uma alertou para que a gente saísse do local porque iria ficar perigoso. Tentamos retornar ao veículo e no trajeto fomos interceptados, agredidos fisicamente e verbalmente. Enquanto éramos agredidos, outras pessoas levaram nossos objetos pessoais, como: documentos, duas câmeras fotográficas fugifilm, três lentes para as câmeras e seis baterias, aparelho de som com microfone acoplado, dois celulares iphones, óculos de grau e minha bolsa”, relembra a repórter.
Por fim, o engenheiro florestal Renato Farac, de 41 anos, conta que conheceu o casal durante essa a viagem de trabalho em Iguatemi. Após deixarem um indígena em sua aldeia e terem ido fazer um lanche, foram pegos de surpresa ao retornarem para a região rural.
“Renaud foi agredido com maior contundência, fomos xingados por inúmeras pessoas que surgiram no local. Estávamos num carro alugado e levaram minha mochila com carteira, documentação e dinheiro. Em certo momento, conseguimos escapar e vir para a cidade denunciar”, conta o engenheiro florestal, amigo do casal.
Os jornalistas e o engenheiro confirmam que foram abordados por homens utilizando capuz e acabaram agredidos. Além disso, policiais militares viram a agressão, mas não fizeram nada.