A exemplo de eleições políticas, disputa por 80 vagas de conselheiros é marcada por enxurrada de denúncias

A dois dias para as eleições que preencherão 80 conselheiros tutelares em Campo Grande, a campanha tem sido marcada por uma enxurrada de denúncias e disseminação de fake news por WhatsApp e redes sociais, tal qual as eleições políticas realizadas no Brasil.

 

Depois da impugnação da candidata Suelen Leme, as denúncias não param e o número ainda pode mudar. O MMPE (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) instaurou um procedimento administrativo de domínio público e acompanha todo o processo eleitoral.

 

Conforme apuração da reportagem, nesta última semana, circula nos grupos de WhatsApp uma fake news com o intuito de promover uma corrente contra a eleição de conselheiros tutelares que façam parte da comunidade LGBTQIAP+. O coordenador da Casa Satine e do Fórum Estadual LGBT, Leonardo Bastos, disse que tem encaminhado as denúncias de LGBTfobia ao Ministério Público e à Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.

 

Na contramão das fake news, Leonardo Bastos conta que a comunidade LGBT tem feito uma campanha de conscientização sobre a importância de proteger os direitos das crianças e dos adolescentes. “Temos feito uma campanha de informação nas redes sociais, orientando a nossa população a votar em pessoas que respeitem identidade de gênero e orientação sexual de crianças e adolescentes”, ponderou.

 

Ele ainda reforça que é importante denunciar e apurar as fake news para que as pessoas entendam que estão praticando um crime e que devem ser punidas na forma da lei. Integrante de um dos grupos de WhatsApp, a escritora, Lúcia Carolina Timm dos Reis, de 44 anos, acredita que existe a articulação da direita em torno de um projeto de poder político.

 

“Eles não escondem isso, eles expressam. O objetivo é ter muito dinheiro e se manter nesse poder. O povo que eles manipulam se entrega porque é muito carente de atenção, de assistência, de dignidade e de meios para sobreviver. A direita e boa parte das religiões, especialmente as evangélicas neopentecostais, com poucas exceções, usam as necessidades de quem vive mal”, opinou.

 

Questionado, o vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Campo Grande (CMDCA), Márcio Benites, que também compõe a comissão responsável pelas eleições, afirmou não ter tido conhecimento sobre a fake news. É crescente o número de denúncias contra candidatos que estão infringindo o edital sobre as regras da campanha eleitoral de conselheiros tutelares previstas na Lei Federal n. 9.504/1997.

 

Sendo assim, mais candidatos podem ser impugnados até as eleições de domingo (1º). Dentre eles, Adriano Ferreira Vargas que publicou um vídeo nas redes sociais doando cestas básicas, além de publicar foto ao lado da Prefeita Adriane Lopes, pedindo voto.