O MPE (Ministério Público Estadual) instaurou uma segunda investigação para apurar problemas estruturais e financeiros na Santa Casa de Campo Grande. Desabastecimento de medicamentos e insumos, atrasos nos salários de profissionais e fornecedores, paralisação de setores, serviços (ortopedia, cirurgia plástica, cirurgia vascular e urologia) e cirurgias eletivas, uso de materiais não padronizados e problemas no serviço de neurocirurgia com consequência de desassistência dos pacientes são os tópicos apurados.
Ofício do NAES (Núcleo de Apoio Especial à Saúde) pontuou os diversos problemas enfrentados pela Santa Casa e reunião entre os envolvidos (NAES, Santa Casa, Secretarias de Saúde e Conselho Regional de Medicina) corroborou com as reclamações. Por conta disso, o MP procedeu à abertura do Inquérito Civil.
Conforme informações do NAES, o serviço de neurocirurgia atualmente é realizado por empresa contratada por outro Estado e o contrato não estaria sendo cumprido na integralidade. Enquanto a previsão é de quatro médicos plantonistas durante o dia, apenas dois estavam no horário.
“Segundo consta, o contrato anterior com médicos de Campo Grande era menos oneroso para a Santa Casa e funcionava muito melhor, já que os médicos eram melhor qualificados. Os médicos neurocirurgiões que atualmente prestam serviço na Santa Casa não residem em Campo Grande e, portanto, não possuem vínculos com os pacientes, o que acaba por prejudicar o atendimento”, diz o termo elaborado pelo NAES.
A Santa Casa informa apenas “que se trata de um assunto já discutido em outras instâncias” e o hospital está à disposição do MPMS para mais esclarecimentos. Além disso, um dos materiais em falta é usado para cirurgia de aneurisma cerebral. “Cita-se o caso de uma paciente (internada na CTI 7) que não foi operada nem embolizada no tempo correto e, portanto, poderá apresentar sequelas”, revela.
Um setor inteiro precisou ser transferido para outro por conta de um ar-condicionado estragado cuja peça para reposição custa R$ 100 mil. A falta de manutenção também causa problemas em equipamentos de outros setores.
Outro fator elencado é a média de permanência dos pacientes, que aumentou significativamente, inviabilizando as cirurgias eletivas (aquelas com menor urgência). O mau funcionamento do setor de lavanderia foi alvo de reclamações, pois em determinado momento não havia roupa para pacientes e profissionais de saúde.