Um dos argumentos alegados pela defesa do policial civil para solicitar a liberdade foi de que ele precisava estar em liberdade para cuidar do filho menor de 12 anos.
No entanto, o magistrado reforçou que os autos processuais foram fundamentados em indícios suficientes de autoria, gravidade concreta da conduta e a imprescindibilidade da custódia para garantir a ordem pública.
Embora a defesa tenha argumentado que Hugo Benites tem residência fixa, ocupação lícita e não tinha antecedentes criminais, o TJMS concluiu que tais circunstâncias não eram suficientes para revogar a prisão cautelar. A possibilidade concreta de reiteração delitiva e o risco à comunidade foram considerados motivos justificáveis para a manutenção da custódia preventiva.
Os advogados também solicitaram a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar, alegando problemas de saúde de Hugo Benites. No entanto, a corte verificou que não havia provas idôneas que demonstrassem a necessidade de tal medida, ressaltando que o sistema carcerário possui estrutura para prestar a assistência médica necessária.
As investigações conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) revelaram que a organização criminosa, da qual Benites é supostamente membro, transportava grandes quantidades de cocaína de Ponta Porã a Campo Grande, utilizando viaturas policiais em um esquema conhecido como “frete seguro”. A decisão destacou que a prisão preventiva era necessária para interromper as atividades da organização e preservar a ordem pública.
O policial civil estava lotado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã e foi afastado após a prisão preventiva oriunda da operação. Conforme o levantamento do Gaeco, relatório de movimentação e passagem de veículos em rodovias federais mostrou a viatura flagrada por câmeras de segurança passando pelo posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Ponta Porã às 3h08 de 4 de maio de 2023, seguindo sentido Dourados. Já às 6h26, o veículo oficial estava em Sidrolândia.
No dia 12, equipe da PRF em Terenos apreendeu carga de 360 quilos de cocaína e pasta base em um caminhão. Para o Gaeco, o entorpecente era o mesmo descarregado pelos policiais na casa de eventos no Jardim Pênfigo, oito dias antes.
Além disso, Valdemar Kerkhoff foi executado com tiros de pistola e fuzil junto com o irmão Eder Kerkhoff, no dia 27 de junho do ano passado. O crime aconteceu em Ponta Porã e para o Gaeco, o assassinato é uma nítida ação de queima de arquivo, já que o traficante havia recebido drogas com os policiais civis dias antes.