Para ela, a fuga foi um “grito de desespero”, pois “Tio Arantes” havia sido transferido para o Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, mas não cumpria o regime semiaberto por conta de contestação do MPE (Ministério Público Estadual) e de entraves da Justiça. A fuga, de acordo com a Agepen-MS (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul), ocorreu na madrugada do último dia 23 de novembro, sendo que as câmeras de segurança não funcionaram e o desaparecimento do preso está sendo alvo de investigação pedida pelo juiz Fernando Cury, da Vara de Execução Penal.
O regime semiaberto havia sido concedido depois de cumprido 3 dos 18 anos e 4 meses de prisão por organização criminosa, relacionada à Operação Paiol, em que foi detido em 2017. A advogada alega que o MPE recorreu dessa progressão, invocando a Lei Anticrime, em que o benefício, no caso de condenados por organização criminosa, somente poderia ser concedido para preso que cumprir ao menos 50% da pena. “Mas a progressão dele foi antes do pacote [Lei Anticrime], essa mudança não dizia respeito a ele”, alegou.
Porém, ainda de acordo com a advogada, a Execução Penal, vara responsável pela análise desse benefício, determinou que “Tio Arantes” não poderia sair enquanto não fosse submetido a exame criminológico, feita para averiguar grau de periculosidade. “Este pedido de progressão está tramitando há oito meses”, diz a advogada, alegando que os peritos designados ao longo do tempo se recusaram a fazer o exame por motivos diversos, pessoais ou profissionais, não relacionados ao réu.
Ainda conforme ele, o cliente cumpriu 30 anos das condenações, depois de conseguir abrandar as penas com recursos. A defesa alega que “Tio Arantes”, hoje, não pertence mais à facção PCC. “Essa liderança foi há 30 anos, hoje, ele é idoso com diversas comorbidades; 30 anos de prisão não ressocializa ninguém, é fábrica de loucos”, afirmou. Com informações do site Campo Grande News