A organização, segundo informações confirmadas pela promotora de Justiça Natalia Acevedo, da Unidade Especializada em Tráfico de Pessoas do Paraguai, era formada por um clã familiar francês e tinha a colaboração de terceiros, estabelecidos no Paraguai, na Espanha e na França. Ainda de acordo com informações dela, as vítimas eram todas paraguaias e foram captadas por uma rede social que prometia um emprego tentador.
Os contatos iniciais, conforme ela, eram feitos por pessoas que geralmente tinham algum contato com as vítimas. Os serviços sexuais eram anunciados na França, como se fosse uma central de atendimento, de acordo com informações apuradas pela AFP (Agence Frances-Presse).
Conforme a promotora de Justiça, entre as mulheres que eram exploradas sexualmente estão moradoras dos departamentos de Alto Paraná e Caaguazú. “As vítimas geralmente são pessoas que vivem em situação de extrema pobreza e que estão pressionadas pela condição social e, por isso, acabam sendo recrutadas facilmente”, explicou à reportagem ao site Midiamax.
Para ela, apesar das estratégias de convencimento utilizadas por estes tipos de criminosos, como o oferecimento de uma vida de conforto, em contraste com a realidade em que a maioria das vítimas vive, é preciso desconfiar das facilidades apresentadas virtualmente. “Ao mesmo tempo em que a internet é uma ferramenta que seduz, ela também pode ser usada para saber se aquele local onde o emprego está sendo oferecido realmente existe”, concluiu.
Com a prisão de quatro pessoas na última terça-feira (17), em terras paraguaias, a Unidade Especializada em Tráfico de Pessoas acredita ter desmantelado a organização. Em setembro, segundo a promotora, 11 pessoas já tinham sido presas na França. Todas elas foram acusadas por tráfico internacional de seres humanos.
“São pessoas que recrutam as vítimas, prometem-lhes um emprego na Europa, retendo o dinheiro dos lucros do tráfico e reinvestindo-o em bens imóveis no local”, disse a chefe do OCRTEH (Escritório Central para a Repressão ao Tráfico de Seres Humanos), Elvire Arrighi, em entrevista à AFP.
Segundo informações da chefe do OCRTEH, o clã familiar que comandava a organização era bem estruturado, com divisão de funções que passavam pelas pessoas responsáveis pela publicação dos anúncios, logísticas, agenciamento de clientes e gerenciamento financeiro do dinheiro arrecadado com os serviços sexuais.
No início de novembro, um esquema de recrutamento também foi descoberto no Brasil. Só que ao invés de focar em perfis femininos, a organização criminosa tinha preferência por homens, para trabalhar em empregos pesados. Nesse sentido, um homem identificado como Carlos Alberto López Rivas — considerado um agenciador de mão de obra escrava do Paraguai para atuar no Rio Grande do Sul — foi preso no dia 5 de novembro pela Polícia Nacional.
Carlos Alberto, de 42 anos, que é técnico em tabaco, já estava sendo procurado pelos investigadores e foi encontrado em sua residência no bairro San José, na cidade de Hernandarias, Departamento de Alto Paraná. Para chegar até esse agente, a Polícia recebeu denúncias de pessoas que já tinham sido procuradas por ele.
No local, foram encontrados diversos documentos, dois cadernos e telefones celulares. O material pode ajudar a esclarecer o caso sob investigação. Segundo informações da promotora Viviane Coronel, que acompanha o caso, há indícios contra o detido — que é acusado de enviar vítimas paraguaias para realizar trabalhos forçados no Brasil, principalmente em cidades do Rio Grande do Sul. Com informações do site Midiamax