Interceptações telefônicas da Polícia registraram conversas de dois integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul sobre a passagem de 60 fuzis, sendo dois deles calibre 50 e com capacidade de derrubar aeronaves, para o grupo criminoso que agiu em Araçatuba (SP) na madrugada de ontem (30).
As informações foram publicadas pela Revista Piauí, em reportagem assinada por Allan de Abreu e Luigi Mazza. De acordo com a revista, o diálogo foi captado pela Polícia Federal e indica que o armamento chegaria até o interior do Estado em um helicóptero, que não foi encontrado.
Além da PF, o Ministério Público de São Paulo e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que participam das investigações, acreditam que o arsenal usado em um verdadeiro cenário de guerra em Araçatuba passou antes pelo Mato Grosso do Sul, não de hoje porta de entrada de drogas e armas no Brasil.
O mega assalto contou com aproximadamente 30 participantes e, além de armas, foram usados explosivos nas ruas, acionados por movimento – um rapaz que passava de bicicleta próximo de um artefato foi atingido na explosão e perdeu os dois pés. Ele segue internado em estado grave com outros ferimentos.
Três bandidos foram capturados, enquanto os demais conseguiram fugir, muito graças ao método “novo cangaço” usado por eles: pessoas encontradas nas ruas da cidade foram feitas reféns e amarradas aos veículos, evitando assim que os carros e camionetes fossem alvos de disparos da polícia na fuga.
Duas agências bancárias da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil foram alvo dos bandidos, que atacaram ainda uma unidade especial da Polícia Militar de São Paulo no Bairro do Santana. Três pessoas morreram e três – já contando o rapaz da bicicleta – estão internadas em estado grave.
Um dos mortos é Jorge Carlos de Mello, de 38 anos, integrante do PCC preso por tráfico de drogas e posse de três banadas de dinamite em casa, no ano de 2001, revela a reportagem de Allan de Abreu na Piauí. Mello deixou a cadeia em março de 2017, após vários anos marcados por prisões e saídas das penitenciárias do interior paulista, modus operandi típico dos integrantes do PCC.
Já Araçatuba fica em região estratégica, com fácil acesso também ao Paraná e Minas Gerais. Com cerca de 198 mil habitantes, a cidade é um polo regional do oeste paulista e, assim, além de reunir várias pequenas cidades e distritos próximos, ainda possui rotas diversas, entre estradas estaduais e vicinais.
Os ataques deixaram as forças de segurança de Mato Grosso do Sul em alerta para uma possível fuga dos criminosos para o Estado e a segurança na ponte que liga Três Lagoas a Castilho (SP) foi reforçada. O delegado regional de Três Lagoas, Rogério Fernando Makert Faria, frisou que por enquanto, não há informações de que os criminosos tenham vindo para o Estado, mas ainda assim o sinal de alerta foi ligado, com várias abordagens a veículos, suspeitos ou não, sendo realizadas na região.
“Seguindo orientações da Delegacia Geral da Polícia Civil, colocamos equipes das polícias Civil e Militar na ponte para eventual abordagem de carros suspeitos e apoio às equipes de São Paulo, caso necessitem”, afirmou. A Polícia Militar informou que a situação está sendo monitorada em Três Lagoas e equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e da Força Tática já estão em alerta, caso haja necessidade de reforço na segurança. Com informações do site Campo Grande News