Advogado de Ronaldinho diz que documento falso foi feito pelo próprio governo paraguaio. Vai vendo!

O advogado Sérgio Queiroz, que é responsável pela defesa do ex-jogador de futebol brasileiro Ronaldinho Gaúcho e do irmão Roberto Assis, pousou às 22 horas de terça-feira (25) em Porto Alegre (RS), depois de meses morando em Assunção, capital do Paraguai, para obter a libertação dos clientes acusados de uso de documento falso no país vizinho.

Entre exausto e aliviado, Sérgio Queiroz decidiu revelar os bastidores do processo do ídolo brasileiro, que deixou o Paraguai com um forte sentimento de que foi injustiçado. “Ronaldo foi a vítima. Ele foi usado como cortina de fumaça pelas autoridades paraguaias para encobrir algo maior”, afirmou, garantindo que os documentos adulterados foram produzidos pelo próprio governo paraguaio e que Ronaldinho foi coagido e abordado por intermediários que pediram até US$ 1 milhão para acabar com o processo.

Segundo Sérgio Queiroz, os clientes estão com um grande sentimento de injustiça. “Os dois não sabiam que os passaportes que as pessoas que lhes convidaram para o Paraguai haviam conseguido para eles eram falsos. Os dois chegaram ao Paraguai em março, convidados para serem garotos propaganda de um cassino e de um livro que seria lançado. Eles apresentaram os passaportes e entraram”, recordou.

Os passaportes tinham sido oferecidos e obtidos pelas pessoas que fizeram o convite para os dois eventos e Ronaldinho e Assis nunca souberam que eram adulterados. “Naquela noite foram detidos. Eles imediatamente disseram não sabiam que eram falsos os passaportes, aceitaram pagar a multa e foram liberados para deixar o país”, informou.

Conforme o advogado, eles teriam de pagar a multa no dia 6 de março mesmo e retornado ao Brasil, mas foram em seguida presos sob a desculpa de que poderiam estar envolvidos em crimes de lavagem de dinheiro. “Mas nunca houve nenhum indício para embasar essa suspeita. Nesses seis meses em que eles ficaram presos, nada nos foi apresentado. E agora eles pagaram exatamente a multa que já haviam aceitado pagar em março, foram absolvidos e novamente autorizados a retornar ao Brasil”, relatou.

Sobre o esquema dos passaportes falsos, Sérgio Queiroz explicou que as pessoas que convidaram Ronaldinho e Assis entregaram os passaportes prontos. “Eles não sabiam que eram falsos. Sempre colaboraram com a Justiça. Isso ficou claro para a Justiça. Os documentos foram produzidos dentro do Governo do Paraguai e uma das investigadas, uma brasileira, foi ao Paraguai pegar os documentos e trouxe para o Brasil, quando eles foram entregues aos dois, para que eles pudessem entrar no país. Não é como seu eu fosse numa lan house, imprimisse um documento falso e usasse para entrar no País. Os passaportes falsos desse esquema eram feitos e saíam adulterados do próprio governo. Isso tem que ficar claro”, revelou.

Ele completa que nenhuma autoridade procurou diretamente os irmãos pedindo propina. “Existiam muitos aventureiros, intermediários que chegavam vendendo todo tipo de facilidade. Pedidos de dinheiro para resolver tudo. Houve quem pedisse US$ 200 mil, US$ 300 mil e até um pedido de US$ 1 milhão. Ofereceram a Ronaldinho que ele saísse do Paraguai, por via terrestre até a Argentina ou até o Brasil antes que saísse a ordem de prisão que o deixou preso por seis meses no Paraguai”, contou.

Segundo o advogado, Ronaldinho e o irmão se negaram a participar do plano de fuga. “Isso aconteceu no dia 6 de março (a data da prisão e data em que Ronaldinho voltaria ao Brasil, por estar autorizado pela Justiça para tal). Ofereceram a ele retornar diretamente ao Brasil, via terrestre, de carro. E Ronaldo disse que não. Disse que se tem algum problema, vou esperar. Nunca vou sair daqui pela janela. Entrei pela porta da frente e vou sair pela porta da frente”, declarou.

A respeito do futuro do ex-jogador e do irmão, Sérgio Queiroz espera que, da mesma maneira que a Justiça foi feita com eles, pois colaboraram, entregando voluntariamente os celulares para perícia, que o Ministério Público e a Justiça do Paraguai atuem. “Que eles sejam diligentes e duros para investigar os demais. Essa Justiça tem que ser aplicada também aos verdadeiros responsáveis pela adulteração dos documentos”, cobrou.

Ele ainda afirmou que Ronaldinho Gaúcho e Assis pensam em processar o Paraguai, uma vez que se consideram vítimas. “Não descartamos isso, mas nada está decidido. Agora tudo que ele quer é descansar e tocar a vida dele”, finalizou.