Foragido desde 18 de junho, Fahd Jamil, o “rei da fronteira” estaria envolvido em 9 execuções

Foragido desde 18 de junho deste ano, quando foi expedido mandado de prisão na terceira fase da “Operação Omertà”, que investiga uma organização criminosa responsável por várias execuções em Campo Grande (MS), o empresário ponta-poranense Fahd Jamil, 79 anos, mais conhecido como “Rei da Fronteira”, pode estar envolvido em nove execuções brutais em Campo Grande (MS), conforme denúncia feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

No entanto, o compadre do empresário campo-grandense Jamil Name, 83 anos, só virou réu pelos crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa, tráfico internacional de armas de fogo e obstrução de justiça. DE acordo com o Gaeco, Fahd Jamil, que teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, seria o chefe do pistoleiro Thyago Machado Abdul Ahad, que faz parte da organização criminosa do “Rei da Fronteira” e pode ser responsável por uma execução para vingar a morte de Daniel Alvarez Georges, filho de Fahd Jamil, que desapareceu em 2011 dentro de um shopping de Campo Grande.

Há indícios de que ele participou da execução de Cláudio Rodrigues de Souza, o “Meia Água”, ocorrida em São Paulo em 2016. A outra foi o assassinato com tiros de fuzil de Orlando da Silva Fernandes, o “Bomba”, morto a tiros em área nobre de Campo Grande. Esse crime estaria ligado à vingança porque o grupo suspeitava que ele traiu o chefe, o empresário Jorge Rafaat, morto em 2016 durante uma emboscada em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS).

O terceiro homicídio seria de Vanderlei Almeida, em Ponta Porã. Outras seis execuções são atribuídas ao chefe da segurança de Fahd Jamil, Melcíades Aldana, o Mariscal. Conforme rastreamento feito pelo Garras, ele frequentava três locais em Ponta Porã, sendo que dois eram ligados ao rei da fronteira, a residência e o hotel. A primeira ligação encontrada é de Mariscal com a execução do pistoleiro Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o Betão, 55, e o policial civil Anderson Celin Gonçalves da Silva, 36, metralhados e queimados dentro de caminhonete Hilux no lixão de Bela Vista.

Aldana começou a pesquisar pelo nome de Betão no Google um dia antes dos corpos serem encontrados e manteve a pesquisa por vários dias. Ele repetiu o modus operandi com o sargento Ilson Martins Figueiredo, chefe da segurança da Assembleia Legislativa, que foi morto com 45 tiros de fuzil 762 na Avenida Guaicurus, em Campo Grande. De acordo com o Gaeco, ele fez a pesquisa na rede mundial de computadores e ainda fez o percurso de Martins, alguns dias antes do brutal homicídio. No GPS do celular, Mariscal percorreu até o local onde o veículo usado no crime foi queimado.

Conforme a investigação, ele também pesquisou o nome do filho do militar, o tenente coronel Oeliton Santana Figueiredo, que foi encontrado morto com um tiro na cabeça um ano após a execução do pai, no dia 7 de julho de 2019. Mariscal também pesquisou na internet os nomes de Aureliano Florentin Gomez, executado com 40 tiros de fuzil 762 em Ponta Porã em 4 de fevereiro de 2017, e Fábio Pedrosa Gomes de Araújo, morto a tiros de pistola nove milímetros em uma estrada vicinal no Paraguai no dia 20 de novembro de 2017.

Outro que teve o nome pesquisado no Google por Mariscal foi Hugo Antônio Bareiro Morinigo, morto com 15 tiros de pistolas .40 e nove milímetros no dia 23 de novembro de 2019. Ele era o principal suspeito de ter executado o advogado Roque Aníbal Figueiredo. O grupo não foi denunciado, ainda, pelos crimes de homicídio. O Garras mantém as investigações e pode acabar com o mistério em torno de nove execuções, que estavam impunes e sem perspectivas de serem desvendadas.

Conforme a investigação, o delegado Márcio Obara, preso acusado de colaborar com os criminosos, teria alertado a Força Tarefa criada para apurar as execuções na Capital – de Bomba, Marcel Colombo, o Playboy da Mansão, Ilson Martins e Matheus Coutinho Xavier – de que elas teriam ligação com duas organizações poderosas. O delegado, junto com Jamil Name e Fahd Jamil, virou réus por ocultar provas no caso do assassinato de Ilson Martins. Conforme a denúncia, ele recebeu R$ 100 mil de propina. O advogado Ronaldo Franco nega que Obara tenha recebido propina e atribui a movimentação em sua conta à herança. Com informações do site O Jacaré