Ao encerrar as investigações sobre a tentativa de roubo ao cofre da central do Banco do Brasil em Campo Grande (MS), ocorrido na madrugada do último dia 22 de dezembro, o Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) concluiu que o grupo criminoso era formado por nove integrantes, sendo que dois foram mortos no confronto e sete foram presos na operação.
Segundo declarações à imprensa feita pelo delegado João Paulo Sartori, do Garras, as apurações concluíram também que o lucro obtido com o crime seria dividido entre os nove participantes. No dia seguinte, durante vistoria no imóvel de onde partia túnel escavado para chegar ao cofre da agência, ventilou-se a informação de que até 25 pessoas estariam envolvidas no esquema, mas a informação não é verdadeira.
O corredor debaixo da terra já tinha cerca de 70 metros de comprimento e começou a ser cavado de uma edícula nos fundos da residência na Rua Minas Gerais, próxima à central do BB, que funciona na Avenida Presidente Castelo Branco, na região do Bairro Coronel Antonino.
Agora o Banco do Brasil começa a tapar o túnel com concreto e não se sabe ainda a quantidade de produto que vai ser usada. E quem paga a conta. Você contribuinte porque o banco é uma instituição pública, ou seja, bancada com dinheiro do cidadão!
A polícia estimou que a quadrilha já tinha gasto R$ 1 milhão na operacionalização do esquema, incluindo aluguel da casa e de outros cinco imóveis de apoio, das contas de água e luz das seis casas e alimentação.
Além disso, os homens que trabalhavam na escavação recebiam R$ 2 mil por semana pelo trabalho. O plano de roubar o banco era arquitetado há pelo menos três anos e a investigação apontou que um dos escavadores foi “contratado” em 2016, ainda na prisão. Nada sobre o quanto o grupo pretendia roubar foi divulgado. Os investigadores dizem apenas que a expectativa dos bandidos era conseguir cifra milionária, mas não informam se em dinheiro vivo, joias, ouro ou cheque, por orientação do banco.
A agência em questão é a central que atende Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, responsável pela operacionalização de todas as transações bancárias dos dois Estados e, nesse sentido, movimentaria alto entorno de R$ 200 milhões. Extremamente organizada, a quadrilha não tinha um, mas vários mentores, ou “professores” ao estilo da série “La Casa de Papel”. Outras pessoas exerciam as funções de projetistas, contadora e “tatus”, como eram chamados os homens que trabalhavam na escavação do túnel. Os integrantes são de Estados do Nordeste, São Paulo e Mato Grosso.
Classificado pela investigação como um dos idealizadores do crime, José Willians Nunes Pereira da Silva, 48 anos, natural de Caxias (MA), foi morto no confronto com policiais na madrugada de 22 de dezembro. José Willians foi preso em novembro de 1998, acusado de participar de roubo a uma agência da Caixa na Rua Augusta, em São Paulo (SP), no dia 17 de outubro daquele ano. Foram roubados R$ 6 milhões em joias de 5 mil clientes. José foi preso na zona norte da capital paulista. Na casa dele, os policiais encontraram três walkies-talkies, revólver calibre 32 e montante de joia.
Antônio de Melo Leal, foragido de São Paulo, também foi morto. Ele usava documento falso com o nome de Renato Nascimento Santana, de 42 anos e é considerado um dos líderes da organização. Bruno Oliveira de Souza, de 30 anos, que foi ferido na ação e estava na Santa Casa de Campo Grande, já teve alta e está preso. Na operação, também foram presos os “projetistas” Robson Alves do Nascimento e Lourinaldo Belisário de Santana, de 51 anos, e a contadora Eliane Goulart, 36 anos.
Os outros três presos são Wellington Luiz dos Santos Junior, de 28 anos, Francisco Marcelo Ribeiro, de 41 anos, e Gilson Aires da Costa, de 43 anos, que são pedreiros de profissão e foram “contratados” para a escavação.