Em menos de três meses, de março a junho deste ano, a Corregedoria Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul já prendeu dois delegados da Polícia Civil. A primeira prisão foi no dia 29 de março e trata-se do delegado Fernando Araújo da Cruz Júnior, titular da Deaji (Delegacia de Atendimento a Infância, Juventude e do Idoso) de Corumbá, pela execução, no dia 23 de fevereiro, do pecuarista boliviano Alfredo Rangel Weber, 48 anos.
A segunda detenção foi nesta segunda-feira (24) e é o delegado Eder Oliveira Moraes, suspeito de envolvimento no furto de 100 quilos de cocaína de dentro da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana. Na prisão de hoje, equipes da Corregedoria Geral da Polícia Civil e do Garras (Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) estavam desde às 5 horas em Aquidauana para cumprir o mandado de prisão.
Além da prisão, as equipes também cumpriram mandado de buscas e apreensão na residência do delegado, localizada na Rua Oscar Trindade de Barros, e de outros envolvidos. Segundo o delegado Adriano Garcia Geraldo, chefe da comunicação da Delegacia-Geral da Polícia Civil, o mandado de prisão temporária foi pedido pela Corregedoria Geral da Polícia Civil com base em fortes indícios que apontam a participação de Eder no sumiço da droga.
Do início da investigação até agora, 10 pessoas foram presas e carros e motocicletas apreendidos. Conforme Adriano Geraldo, os veículos provavelmente foram adquiridos com dinheiro proveniente do tráfico da cocaína. Entre os presos transferidos, está a advogada Mary Stella Martins de Oliveira e o marido dela. Ela foi detida no sábado (15), depois que a casa dela foi revistada.
Quatro dias antes, na terça-feira (11), o imóvel também tinha sido alvo de varredura da Polícia Civil. Uma agente da polícia civil também teria sido presa, mas a informação não foi confirmada pela Corregedoria. O delegado Eder chegou a ser removido da delegacia de Aquidauana, depois do sumiço da droga, transferido para Selviria.
Corumbá
Em Corumbá, conforme as investigações, o delegado não foi apenas o autor dos disparos que mataram Alfredo dentro da ambulância, mas também foi o responsável pelas facadas horas antes. A história começou durante às eleições para presidente da associação de agropecuaristas na Bolívia, onde o sogro de Fernando, Asis Aguilera Petzold (o atual prefeito da cidade de El Carmen), concorria ao cargo.
Alfredo, que apesar do envolvimento com o narcotráfico, é conhecido como pecuarista na região, participou das eleições e foi para a festa de um amigo. No entanto, ao fim do dia, voltou ao local em que as votações aconteciam. Lá, encontrou a esposa de Fernando e a filha de Assis, Sílvia Aguilera, 31 anos. Conforme as investigações, a mulher já foi casada com Odacir Santos Corrêa, ex-sócio de Alfredo, preso pela Policia Federal durante a Operação Nevada, em 2016.
Ao ver a mulher, Assis teria cobrado dívidas do ex-marido e ameaçado os filhos dela de morte. Os dois discutiram e a confusão foi separada por Assis, que ao lado de Fernando, sentou-se em uma mesa para conversar com Alfredo. Se aproveitando do momento, o delegado teria levantado, se armado com uma faca e desferido pelo menos três golpes nas costas de Alfredo. O homem foi levado para um hospital local, mas devido a gravidade transferido para Corumbá.
A ambulância, então, saiu da cidade boliviana em sentido a fronteira brasileira. Já em território sul-mato-grossense foi fechada por uma caminhonete preta, cabine simples. O motorista desceu do veículo, foi até a ambulância, abriu a porta e atirou quatro vezes. Três tiros atingiram a cabeça da vítima, um deles o tórax. Sem ter o que fazer, o motorista voltou com o corpo para o país vizinho. Principal suspeito do crime na Bolívia, Fernando também se tornou alvo da polícia brasileira.
Detalhes como o veículo usado pelo pistoleiro, do mesmo modelo do carro de Fernando, e até a arma, foram ligando as investigações ao delegado. Ele chegou a ser ouvido, mas afirmou ter entregue sua caminhonete numa dívida e que não se lembrava o nome da própria esposa.
Durante as investigações, o motorista e o médico da ambulância também foram ouvidos. Um deles, no entanto, Sílvio Monteiro, se tornou alvo de falsas denúncias de sequestro. Convidado para prestar depoimento, Sílvio, que no dia dirigia a ambulância, levou a polícia uma carta narrando o que havia acontecido no dia do crime. No entanto, na noite do mesmo dia, voltou à delegacia pedindo para modificar o texto.
Sem ter como fazer isso, pediu para fazer um boletim de ocorrência de preservação. O caso foi registrado e no dia seguinte a defensoria pública de Puerto Suárez denunciou a Polícia Federal de Corumbá pelo sequestro de Sílvio, que nunca aconteceu. A polícia, no entanto, encontrou ligações entre o motorista e a esposa de Fernando, o que leva a acreditar que toda a situação foi montada para despistar e atrapalhar as investigações que incriminavam o delegado. No dia 29 de março, equipes da Polícia Civil deixaram Campo Grande para cumprir mandado de prisão contra o delegado.
Na casa do delegado foram apreendidos vários materiais. Além dele, um policial civil também foi preso pelos colegas durante a operação. Informações de policiais que integram outras forças de segurança e atuam na cidade são de que o nome do delegado foi citado durante as investigações da morte do boliviano. A polícia ainda não detalhou os motivos da prisão.
Durante as investigações, o motorista e o médico da ambulância também foram ouvidos. Um deles, no entanto, Sílvio Monteiro, se tornou alvo de falsas denúncias de sequestro. Convidado para prestar depoimento, Sílvio, que no dia dirigia a ambulância, levou a polícia uma carta narrando o que havia acontecido no dia do crime. No entanto, na noite do mesmo dia, voltou à delegacia pedindo para modificar o texto.
Sem ter como fazer isso, pediu para fazer um boletim de ocorrência de preservação. O caso foi registrado e no dia seguinte a defensoria pública de Puerto Suárez denunciou a Polícia Federal de Corumbá pelo sequestro de Sílvio, que nunca aconteceu. A polícia, no entanto, encontrou ligações entre o motorista e a esposa de Fernando, o que leva a acreditar que toda a situação foi montada para despistar e atrapalhar as investigações que incriminavam o delegado. No dia 29 de março, equipes da Polícia Civil deixaram Campo Grande para cumprir mandado de prisão contra o delegado.
Na casa do delegado foram apreendidos vários materiais. Além dele, um policial civil também foi preso pelos colegas durante a operação. Informações de policiais que integram outras forças de segurança e atuam na cidade são de que o nome do delegado foi citado durante as investigações da morte do boliviano. A polícia ainda não detalhou os motivos da prisão.