A empresária Ana Lúcia Amorim, uma das filhas do poderoso empresário João Amorim, procurou o MPE (Ministério Público Estadual) para denunciar as irmãs Ana Paula e Renata Amorim, a madrasta Tereza Cristina Pedrossian Cortada Amorim e a tia, a ex-deputada estadual Maria Antonieta Amorim dos Santos (MDB), pelo crime de lavagem de dinheiro e também por falsidade ideológica.
Segundo Ana Lúcia Amorim, o quarteto usou uma empresa agropecuária da família para simular um empréstimo de R$ 56,3 milhões para elevar o capital social em 252%, de R$ 22,.2 milhões para R$ 78,6 milhões. Ela disse ainda ao MPE que há evidências claras dos crimes de lavagem de dinheiro e de falsidade ideológica.
Ana Lúcia já tem uma série de ações na Justiça para cobrar transparência da madrasta e das irmãs na gestão das empresas em que são sócias: Areias Patrimonial, Areias Participações, Bósforo Participações e Idalina Patrimonial. As quatro já sofreram devassa da Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica e a suspeita era de que o patrimônio foi formado a partir de valores desviados dos cofres públicos.
De acordo com a representação de Ana Lúcia, em outubro do ano passado, a madrasta Tereza Cristina Amorim convocou as sócias para elevar o capital social da Areias Patrimonial em 252%, que seria possível graças ao acréscimo de R$ 56,342 milhões via empréstimos bancários.
“Esclareceu a sociedade ‘ser devedora da sócia Ana Paula Amorim Dolzan, em decorrência de operações de empréstimos realizadas pela referida sócia à subscritora, no valor total aproximado de R$56.342.294,00 (…)’, e que tais créditos ‘foram por ela cedidos às sócias Renata Amorim, Tereza Cristina Pedrossian Cortada Amorim e Maria Antonieta Amorim Trad, as quais, portanto, também se tornaram credoras face à subscritora’”, revelou Ana Lúcia.
O problema é que a empresária contou que nunca ouviu falar de empréstimos feitos pela irmã. Investigação feita pela Polícia Federal apontava movimentação atípica nas contas de Ana Paula. Na ocasião, ela e o pai, João Amorim, justificavam que se tratava de empréstimos realizados entre ambos.
“Parece óbvio que, se esses supostos créditos efetivamente existissem, a sociedade teria informado quantas ‘operações de empréstimos’ foram realizadas entre a sócia Ana Paula e ela; teria, também, indicado as respectivas datas, valores e mostrado os documentos comprobatórios dessas operações; teria, igualmente, revelado em qual ou quais instituições financeiras ingressaram os valores provenientes desses alegados empréstimos, bem com as datas desses ingressos e os respectivos comprovantes”, questiona Ana Lúcia, sem resposta da madrasta.
“Todavia, preferiu faltar com a transparência, permitindo a autorizada conclusão de que tudo não passa de uma farsa, encenada com uma manifesta falsidade ideológica, seja para diretamente prejudicar a ora representante, seja para a promoção de lavagem de dinheiro”, concluiu a empresária no documento encaminhado ao MPE.
A mudança no capital social foi formalizada na Junta Comercial de São Paulo, onde, oficialmente, fica a Areias Patrimonial. “Ou seja, as demais quotistas, ao registrarem perante a JUCESP a alteração contratual da Areias Patrimonial Ltda. com o aumento de capital de R$22.285.972,00 (vinte e dois milhões, duzentos e oitenta e cinco mil, novecentos e setenta e dois reais) para R$78.628.266,00 (setenta e oito milhões, seiscentos e vinte oito mil, duzentos e sessenta e seis reais), fizeram inserir declaração diversa da que devia ser escrita, promovendo artificialmente a elevação do capital social da sociedade, com a finalidade de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante e prejudicar patrimonialmente a ora representante, além de provavelmente estar se configurando com essa falsidade o crime de lavagem de dinheiro”, denunciou Ana Lúcia.
Até o local da empresa é resultado de uma manobra da família Amorim. Tereza Cristina Amorim comanda a agropecuária Da Rua Antônio Corrêa, na Vila Glória, de onde de fato é administrada, segundo Ana Lúcia. No entanto, oficialmente, a empresa fica em São Paulo, mas o endereço é o mesmo de um escritório de contabilidade.
A briga entre as filhas de Amorim, da ex-deputada estadual e da esposa deve reforçar as investigações feitas pelas autoridades desde 2015, que culminaram em várias denúncias na Justiça, estadual e federal, mas que tramitam morosamente, já que juízes e desembargadores perdem mais tempo discutindo onde as ações devem tramitar e de que forma, do que julgando os fatos gravíssimos descobertos pela PF e denunciados pelos ministérios Público Federal e Estadual. Com informações do site O Jacaré