Tretas do Trutis! Ministra do STF envia à Justiça de MS inquérito de posse de arma contra deputado

 O inferno astral do deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, continua e está cada vez mais quente. Agora a Ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o encaminhamento à Justiça de Mato Grosso do Sul o inquérito sobre posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e permitido contra o “nobre” parlamentar.

 

Além disso, o inquérito inclui ainda o assessor e um amigo dele, Ciro Nogueira Fidelis, sendo que agora apenas os supostos crimes descobertos durante a Operação Tracker, deflagrada no dia 12 de novembro do ano passado, serão julgados por uma das varas criminais de Campo Grande. Somente após a juntada dos depoimentos do assessor e do Tio Trutis, a relatora vai decidir sobre o pedido de indiciamento do deputado federal por posse ilegal de arma, falsa comunicação de crime e disparos de arma de fogo.

 

No dia 12 de novembro de 2020, a Polícia Federal apreendeu duas pistolas da marca Taurus, calibres 9 mm e 357, e um fuzil T4 calibre 556 mm em poder do Tio Trutis. A posse deste último levou à prisão dele, que acabou sendo liberado pela ministra Rosa Weber porque a mudança na legislação em 2019 não considerou mais a posse de fuzil crime com prisão sem direito a fiança.

 

Em decorrência da Operação Tracker, o delegado Glauber Fonseca de Carvalho Araújo recomendou o indiciamento do deputado federal pelos crimes de posse de arma de uso permitido (artigo 12 da Lei 10.826/03), que prevê pena de um a três anos de prisão, e pela posse de arma de uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/03), com punição de três a seis anos de reclusão.

 

A ministra deve livrar o irmão do deputado federal, Alberto Carlos Gomes de Souza, com a proposta de acordo de não persecução penal. Para sacramentar a proposta, ela determinou a requisição das certidões de antecedentes criminais à Justiça estadual e à Justiça Federal da 3ª Região.

 

Rosa Weber também determinou que o delegado Glauber Araújo envie, em 10 dias, os autos da transcrição dos depoimentos ou das mídias de gravação das oitivas mencionadas às fls. 424 (CIRO NOGUEIRA) e 1.161-verso2 (LOESTER, nova oitiva)”. Tio Trutis contestou a investigação da PF e fez duras críticas à corporação. Antes de ser alvo, ele gravava vídeos com elogios à atuação dos policiais federais no combate à corrupção.

 

Ele alegou que foi vítima de atentado a bala na madrugada do dia 16 de fevereiro do ano passado, quando se deslocava para Sidrolândia. Uma caminhonete L200, azul escura e com placa final 18, teria lhe alcançado e efetuado vários disparos. Na época, ele garantiu que só não foi morto porque estava armado e reagiu ao ataque.

 

Em um trabalho minucioso, os policiais federais refizeram a trajetória de Trutis desde às 4h20, quando saiu da casa no Bairro São Bento, até o local onde efetivamente teriam ocorrido os disparos. Dois carros foram considerados suspeitos no trajeto e os condutores foram ouvidos pela PF. Um era motorista de aplicativo e provou estar realizando transporte de passageiros. O outro ia para propriedade rural.

 

Os policiais federais usaram o GPS do veículo para refazer o trajeto do deputado. Ele e Ciro teriam transitado devagar na rodovia em busca de estrada vicinal sem movimento para simular o atentado. Câmeras da JBS, de uma transportadora e da PRF confirmaram o trajeto e os três veículos que circulavam no mesmo horário na BR-060, conforme a PF.