Senadora se reúne com magnata do tabaco e recebe apelido de “musa do fumo” por defender setor

A senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos) resolveu chutar o pau da barraca de vez. Após destinar recurso milionário para uma ONG (Organização Não-Governamental) do Rio de Janeiro ao invés de Mato Grosso do Sul, agora escancarou de vez o lobby em prol da indústria do tabaco no Brasil.

Segundo o site TopMídiaNews, a defesa pela liberação dos cigarros eletrônicos no Senado Federal é tanta, que ela já ganhou até o apelido de “Musa do Fumo”. Sem medo de ser “feliz”, Soraya Thronicke não faz mais questão de esconder de que lado está nessa questão.

Depois de viajar para o Japão com tudo bancado pela indústria mundial do tabaco, a senadora esteve com o magnata do setor e, desde então, parece publicamente fazendo críticas à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por defender a continuidade da proibição da comercialização do produto no Brasil em razão de estudos apontarem alto grau de nocividade ao organismo humano.

Soraya justifica que o produto entra de forma ilegal no Brasil, sem controle das autoridades, sendo assim, a regulamentação daria luz à questão, sem contar com impostos, que viriam aos montes e poderiam bancar programas de saúde pública.

”O cigarro eletrônico está liberado no Brasil sem qualquer regulamentação. É por isso que não sabemos o que há dentro deles! Como nos países desenvolvidos, precisamos colocar os freios nesse consumo”, escreveu Thronicke na rede social X ao comentar o caso de uma mulher famosa que sofreu infecção ao consumir o produto.

A senadora também refletiu a respeito das consequências de o produto não ser regulamentado em solo brasileiro. ”Quem defende a não regulamentação do cigarro eletrônico, está agindo em prol do crime organizado”, afirmou a parlamentar na TV Senado, detalhando que a Anvisa proibiu a importação desses cigarros e a comercialização, mas não o consumo.

Em contraponto à articulação da senadora pela regulamentação, diz o site ”O Joio e o Trigo”, o colega Eduardo Girão pediu que a audiência pública fosse convertida para a Sessão de Debates Temáticos no Senado. O senador é contra o projeto e argumenta pela participação de mais de dez pessoas da área da saúde que poderão explicar os malefícios do uso do cigarro eletrônico.

No mesmo dia que Soraya deu entrevista à TV Senado, 12 de março, o site de notícias publicou que a senadora postou, nos stories do Instagram, uma foto ao lado de Eduardo Caldeirari, nada mais nada menos que o diretor da Philip Morris Brasil, que integra uma das maiores fabricantes de cigarros no mundo, como o Marlboro.

Ainda segundo o site, a foto não traz menção sobre o assunto entre os dois. Ocorre que, um dia antes, o senador Eduardo Gomes, apresentou, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, relatório favorável à venda dos cigarros eletrônicos no Brasil.

O Joio e o Trigo trouxe também que o projeto e o parecer do relator trazem argumentos originários de estudos financiados pela indústria tabagista. Ao passo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, mantém a proibição do cigarro eletrônico no País, Soraya faz críticas pesadas à instituição, mas por outro motivo: ela tem sido porta-voz de denúncias de assédio moral e sexual na agência, conforme trouxe a Agência Senado.

Thronicke contabilizou as denúncias feitas no ano de 2023, sendo sete de assédio moral e um sexual. No plenário, em 28 de fevereiro, Soraya lamentou que a maioria das denúncias que vão para a Comissão de Ética do órgão acabem arquivadas.

No dia 24 de março, a Revista Veja publicou que a senadora apresentou requerimento para abertura de uma CPI para investigar crimes sexuais na Anvisa e outros órgãos.

Soraya diz ter 27 assinaturas de senadores, número necessário segundo a revista para emplacar a Comissão. Ela disse ter ouvido relatos de servidoras que foram alvo de investidas durante o trabalho.

“As vítimas, mesmo as que já deixaram seus cargos na Anvisa, estão com muito medo. Sabemos que a alta cúpula do órgão já está trabalhando dentro do Senado contra a investigação”, disse Soraya.

Sobre o encontro com o diretor da Philip Morris, mas sem citar nome da pessoa ou da corporação, a senadora respondeu: ”Recebo todos que queiram discutir o assunto, trazer dados e evidências, sem distinção. É um espaço público e todos para todos que queiram uma audiência para tratar de assuntos importantes serão recebidos de forma amistosa”, garantiu a parlamentar.

A assessoria da senadora detalhou que já houve audiência pública sobre os cigarros eletrônicos no Senado e que participaram especialistas com posições distintas. Ela lamentou a ausência do presidente da Anvisa em audiência pública ocorrida em setembro de 2023 e disse que isso ”enfraquece o debate”.

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