A prefeita Niágara Kraieviski (PP), de Coronel Sapucaia (MS), que faz fronteira com a cidade paraguaia de Capitán Bado, teve a residência alvejada por 15 disparos de arma de fogo um dia depois que denunciou ter encontrado a sede do Executivo municipal com porta quebrada, sem computadores, móveis vazios e amontoados de entulhos.
Além disso, a gestão anterior deixou contratos vencidos de compra de oxigênio para os postos de saúde, gás de cozinha, alimentos, merenda escolar, entre outros. O vídeo mostrando a situação do Paço Municipal foi divulgado na sexta-feira (3) nas redes sociais da prefeita e, horas depois, na madrugada de sábado (4), a casa dela foi alvo de tiros de pistola calibre 9 mm, a arma preferida pela pistolagem da região.
Os projéteis atingiram o portão da residência, seu carro, o banheiro e um dos quartos. “As autoridades competentes já estão investigando o caso. Eu acredito na Justiça e tenho certeza que será solucionado. Sou uma pessoa de bem, nunca procurei ter inimigos, e nenhuma família de Coronel Sapucaia merece passar por isso. Vou continuar lutando e isso não irá me intimidar”, declarou a prefeita na tarde de sábado”, declarou a prefeita na tarde de sábado.
Além de Niágara Kraievski, estavam na residência seu marido e suas duas filhas, de 21 e 6 anos de idade, respectivamente. O barulho de uma moto deixando o local foi ouvido após os disparos. Algumas horas antes, a prefeita mostrou aos eleitores do município a situação que herdou no Paço Municipal. O setor de compras está com uma porta quebrada e os computadores foram levados. A sala da Secretaria de Administração está sem porta e o local está sem condições para os servidores trabalharem.
O vídeo mostra que o almoxarifado da prefeitura virou um depósito de entulhos, com diversos móveis e objetos empilhados, inclusive pneus de caminhões. “O local é inadequado, quente para armazenamento”, relatou Niágara, sugerindo o visível risco em caso de incêndio.
Niágara Kraievski, entretanto, afirma que “o mais lamentável de tudo isso” é que uma comissão de licitação formada em 2024 apontou a necessidade de aditivos em contratos essenciais que estavam para vencer no final do ano, já que o município ficaria desabastecido de itens para a saúde e ao atendimento à população.
“Nós entramos hoje aqui na prefeitura, nós não temos licitação de oxigênio, que é vital para a saúde das pessoas que necessitam. Nós não temos licitação de gás de cozinha, nós temos hospital e abrigo em funcionamento. Nós não temos licitação de gênero alimentício também. Nós não temos licitação vigente de merenda escolar, entre outras licitações, mas as essenciais são essas”, relatou a prefeita, que tomou posse no último dia 1º de janeiro.
A gestão anterior foi comandada pelo prefeito Rudi Paetzold (MDB). O emedebista concluiu seu quarto mandato tendo as contas referentes ao exercício financeiro de 2019 reprovadas pela Câmara de Vereadores, seguindo parecer do Ministério Público de Contas do Estado.
Paetzold ficou famoso nacionalmente ao aparecer no programa Profissão Repórter, da TV Globo, exibido no dia 1º de novembro de 2022. O jornalista Caco Barcelos flagrou reunião onde beneficiários do Auxílio Brasil foram convocados, segundo moradores que aceitaram falar, para serem pressionados a votar em Jair Bolsonaro (PL), então candidato à reeleição.
Rudi e a secretária municipal de Assistência Social, Ivone Paetzold Soares, foram indiciados pela Polícia Federal, em julho de 2024, pelo crime de coação eleitoral mediante grave ameaça de famílias carentes na véspera do 2º turno das eleições de 2022.
Em de 18 de dezembro de 2024, houve operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para investigar o desvio milionário na obra do hospital municipal. A apuração aponta a existência de indícios da prática de crimes de fraude a processos licitatórios e contratos deles decorrentes, envolvendo núcleo de empresas pertencentes a um grupo familiar local.
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