Políticos e líderes religiosos “apadrinham” a maioria dos conselheiros eleitos em Capital

Dos 40 conselheiros tutelares eleitos em Campo Grande no último domingo, a maioria é membro de igrejas, principalmente evangélicas, e “apadrinhados” por políticos. Além disso, entre os 10 mais votados, a maioria foi reeleita para o terceiro mandato.

 

Anna Paula Falcão Bottaro Machado, a conselheira com mais votos (1.253), tem ligação política com o vereador William Maksoud Neto. Ela também já fez campanha política para o ex-prefeito Marquinhos Trad e para o ex-deputado federal Fábio Trad.

 

Outra conselheira eleita que também já externou apoio nas redes sociais a políticos é Letícia Ferreira da Silva. Quinta candidata mais votada, além de demonstrar sua ligação religiosa com o catolicismo, ela já demonstrou apoio político ao vereador Silvio Pitu e ao ex-prefeito Marquinhos Trad.

 

As mesmas posturas e ligação religiosa nas redes sociais entre os mais votados podem ser identificadas na conselheira tutelar Tatiane Lima de Oliveira, assim como a nova conselheira eleita, Larissa Abdo Corr (645 votos).

 

Apesar de deixar claro suas qualificações para o cargo, como sua formação em Psicologia Jurídica, em uma entrevista durante sua campanha, Larissa deixou clara sua ligação religiosa evangélica quando questionada sobre estar comprometida a levar os princípios e os valores cristãos para o cargo público.

 

Outra conselheira eleita com um discurso parecido foi Maria Carolina Marquez Zamboni, considerada nas redes sociais como uma candidata de direita.

 

Em um dos vídeos publicados pela então candidata, Maria Carolina afirmava que seria “a voz das famílias conservadoras, das crianças que estão sendo caladas, defendendo os valores da família e a não sexualização e doutrinação das crianças”.

 

Levando em conta os 40 conselheiros tutelares eleitos, 18 deles em algum momento de suas campanhas eleitorais para o cargo citaram suas crenças religiosas, deixando claro algum tipo de ligação. Vale citar as conselheiras Huanna Passos dos Santos (30ª mais votada) e Fernanda Valiente (21ª), ambas líderes religiosas de igrejas em Campo Grande.

 

Conforme apuração do Correio do Estado, alguns grupos políticos podem ter apadrinhado, de forma indireta, algumas das candidatas eleitas para os Conselhos Tutelares. Duas conselheiras, Anna Karoline Kalache Correa Lima Barreto e a Maria Suenia de Lima Romeiro, tinham em comum uma apoiadora de suas campanhas que fazia parte do PSD Mulher.

 

De forma mais específica, a conselheira tutelar reeleita Maria Suenia divulgou nas redes sociais diversas campanhas políticas que demonstram seu apoio à família Trad como um todo. Outros dois conselheiros tutelares eleitos foram identificados como assessores parlamentares, o que mostra uma clara e direta ligação dos candidatos com políticos atuantes em cargos públicos.

 

O maior exemplo encontrado desse possível apadrinhamento é o da candidata eleita Gislaine Spessoto Soares Matoso (26ª colocada), que é assessora parlamentar do vereador Clodoilson Pires (Podemos) e já publicou diversas manifestações de apoio ao político.

 

A candidatura de Indiani Carolini Domingues Mercado da Silva, que foi impugnada por ela ter infringido o art. 4, com agravo dos incisos V, VI, VII e IX alínea “c”, por ter apadrinhamento político do deputado estadual Lidio Lopes.

 

A candidata Suelen Leme também teve sua candidatura impugnada por ter se utilizado de templos religiosos para fazer propaganda eleitoral durante as eleições para conselheiros tutelares. Ela também teria ligação com políticos, nesse caso, o vereador Betinho.