Patrola seria “dono oculto” de empresas suspeitas de corrupção na Prefeitura de Campo Grande

A “Operação Cascalhos de Areia”, deflagrada na última quinta-feira (15) pelo MPE (Ministério Público Estadual), já reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas e supostamente usadas por uma quadrilha para desviar dinheiro da Prefeitura de Campo Grande com contratos firmados durante a gestão de Marquinhos Trad (PSD).

O vendedor de queijos Adir Paulino Fernandes, 65 anos, que sequer sabia ter mais de R$ 200 milhões em contratos públicos em uma empreiteira da qual é dono no papel, sócios que compraram a preço de banana outra construtora com contratos milionários e um empreiteiro que, apesar de dono de construtora, bate ponto como engenheiro em outra, são os grandes achados dos mandados de busca e apreensão.

Os indícios colocam André Luiz dos Santos, o “Patrola”, no foco da investigação, que é apontado como verdadeiro operador das empresas investigadas. Além disso, segundo denúncia anônima que deu início às apurações, supostamente seria sócio do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) no “esquema”.

No entanto, as informações apuradas mostram que o empreiteiro teria acesso facilitado pela administração municipal a licitações, e usaria a rede de empreiteiras nas mãos de laranjas para desviar milhões dos cofres municipais com obras que nunca teriam sido realizadas e seriam difíceis de ‘conferir’.

Os contratos visados pela suposta quadrilha são de cascalhamento em vias não pavimentadas e de aluguel de máquinas. Não é a primeira vez que o setor de construção civil de Campo Grande se torna pivô de escândalo de corrupção, como no caso da Operação Lama Asfáltica.

Patrola seria o operador do esquema de ‘laranjas’ para comprar as empresas e, assim, vencer todas as licitações de cascalhamento na Capital, em possível conluio com o então prefeito de Campo Grande.

Ele, inclusive, teria ganhado o apelido de ‘Patrola’ justamente por usar basicamente uma patrola para ‘disfarçar’ os serviços contratados na hora da medição, que é sempre realizada por um fiscal do órgão público.

Porém, fontes ligadas aos órgãos de controle externo que acompanham os contratos, há elementos colhidos na busca e apreensão que já devem comprovar a suspeita e implicar o ex-prefeito no esquema de corrupção.

A suspeita da investigação se deu a partir de indícios que comprovariam a transição dos contratos entre empreiteiros, para pessoas que não são do ramo, sempre a preços muito baixos.

Segundo fontes que acompanham a atuação de órgãos de controle externo e combate à corrupção em Mato Grosso do Sul, ‘Patrola’ seria uma espécie de ‘coringa’ para políticos regionais.

Desta forma, as suspeitas são de que juntos implementariam supostos esquemas de desvio de verbas públicas em contratos de obras públicas com difícil aferição.

Como seria considerado ‘de confiança’, o empreiteiro assumiria a parte arriscada de colocar o CPF e o CNPJ à disposição, contando com mais aliados como ‘laranjas’.

Em troca, supostamente manteria verdadeiro propinoduto em Mato Grosso do Sul com devolução de parte dos lucros inflados para os ‘companheiros’.

Portanto, contratos estrategicamente visados por esquemas de corrupção, como locação de equipamentos, obras mais facilmente ‘disfarçáveis’, como cascalhamentos, manutenção de vias não pavimentadas, seriam os prediletos do esquema.

Com o avanço do sistema, supostamente para diversas prefeituras e órgãos públicos, ‘Patrola’ teria se tornado o “empreiteiro dos políticos”. No entanto, o estilo descuidado e fanfarrão do empresário teria colocado todos na mira de denúncias.

Há relatos de festanças regadas a churrascadas e outros tipos de prazeres que teriam se tornado verdadeiro palco para exposição de esquemas com detalhamento de como funcionariam e quem beneficiariam. Tudo sempre, segundo as testemunhas, intercalado com muita bravata.

Vai vendo!!!