Name teria mandado matar filho de Fahd por controle do jogo. Bom roteiro de filme da máfia!

A amizade entre os empresários Jamil Name, 83 anos, e Fahd Jamil, 79 anos, o primeiro preso desde o dia 27 de setembro de 2019 e o segundo foragido desde o dia 18 de junho deste ano, pode ficar abalada e até mesmo acabar para sempre. Isso porque o depoimento de testemunha causou uma reviravolta na investigação sobre o assassinato de Daniel Alvarez Georges, o “Danielito”, filho de Fahd Jamil, ocorrido no dia 3 de maio de 2011.

Segundo fontes integrantes  da Força-Tarefa da Polícia Civil, comandada pelo Garras, revelou que essa testemunha chave contou que “Danielito” foi assassinado pelo pistoleiro José Moreira Freires, o “Zezinho”, que morreu na semana passada durante confronto com a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, a mando dos empresários Jamil Name e seu filho Jamil Name Filho, 43 anos, mais conhecido como “Jamilzinho”.

A causa do assassinato seria o controle do jogo do bicho em Campo Grande, que rende aproximadamente R$ 18 milhões por ano à família Name. O depoimento explosivo deverá estremecer as relações entre os compadres, que teriam se aliado para vingar a morte de Danielito.

Um outro depoimento revelou que Daniel Georges estava na mira de três grupos. Jorge Rafaat, que teria assumido o controle do tráfico na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, tinha intenção de matá-lo após receber recados de que o único “Rei da Fronteira” era Fahd Jamil. Georges planejava eliminar Rafaat para assumir o papel do pai.

O segundo era Cláudio Rodrigues de Oliveira, o “Meia Água”, que devia uma grande quantia em dinheiro para a Fahd Jamil e passou a ser cobrado por “Danielito”. O terceiro era grupo dos Names, pois Daniel Georges teria dito que o pai deu o controle do jogo do bicho na Capital e ele planejava tomá-lo de volta.

A revelação de que Name teria determinado a execução do filho de Fahd Jamil foi feito ontem (21) pelo repórter Allan de Abreu, da Revista Piauí, sendo que na reportagem “Zezinho” confidenciou a uma amiga que era funcionária da família Name.

Logo após deixar a cadeia em São Paulo, Daniel Georges almoçou em uma churrascaria tradicional no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, e passou por um shopping, onde foi visto pela última vez. Ele nunca mais foi visto e a família só obteve o atestado de óbito na Justiça no ano passado.

De acordo com a testemunha, “Zezinho” contou que foi o responsável pela execução do primogênito do padrinho da fronteira. Daniel teria sido convidado por Jamilzinho para uma festa com mulheres em uma chácara em Campo Grande. Ele acabou indo sem seguranças. Ao chegar no local, deparou-se com homens fortemente armados.

Conforme a revelação, “Danielito” foi executado com vários tiros e esquartejado. Para sumir com o corpo, o grupo o derreteu em um barril com ácido. “Zezinho” revelou à amiga que temia ser morto por Fahd Jamil.

A mesma testemunha contou que ouviu relato semelhante do sargento PM Ilson Martins Figueiredo, que foi segurança de Name e era chefe da segurança da Assembleia Legislativa. Ele acabou sendo executado por vários tiros de armas de grosso calibre em junho de 2018.

O depoimento deve causar reviravolta na investigação da morte de Daniel Georges. Fahd Jamil é compadre de Jamil Name e, no ano passado, quando a Força-Tarefa da Polícia Civil descobriu o paiol do poderoso empresário na Capital e o advogado aconselhou Jamilzinho a dar no pé, Fahd Jamil recebeu o afilhado em sua casa por mais de mês.

“Zezinho”, que foi morto em confronto com a Polícia Civil do Rio Grande do Norte na zona rural de Lagoa de Pedras, usava documentos falsos e estava com uma pistola roubada de um policial potiguar. A Polícia suspeitava que ele recebeu R$ 200 mil para matar uma autoridade da região, promotor ou juiz.

O advogado Tiago Bunning, de Jamil Name, negou que o empresário tenha mandado matar o filho do compadre. “Todas as acusações de homicídio baseiam-se em supostas oitivas informais de duas pessoas não compromissadas como testemunhas”, afirmou. “Além disso, não existe qualquer outro elemento que comprove diretamente que Jamil foi autor imediato ou mandante de qualquer homicídio ou outros delitos”, ressaltou.

O advogado de Jamil Name Filho, Félix Jayme Nunes da Cunha, também negou a acusação em nota enviada à Revista Piauí. “O empresário Jamil Name Filho jamais pertenceu ou chefiou qualquer organização criminosa e jamais foi mandante de qualquer dos homicídios apurados pela Polícia Civil, cujas investigações vêm sendo desconstituídas pelas defesas e por depoimentos em juízo”, afirmou.

O advogado Gustavo Badaró afirmou que Fahd Jamil foi denunciado pelo MPE “pela fama dele” na fronteira. Conforme o defensor, não há provas de crimes praticados pelo empresário. Fahd Jamil está foragido desde 18 de junho deste ano, quando houve a deflagração da Operação Armagedon, 3ª fase da Omertà. Ele está tentando obter habeas corpus para ficar em prisão domiciliar.