MPE recorre ao STJ para bloqueio de R$ 190 milhões de André Puccinelli oriundo de propina da JBS

O MPE (Ministério Público Estadual) recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para retomar o bloqueio de R$ 190,3 milhões do ex-governador André Puccinelli (MDB) que foi determinado por juiz de primeira instância, mas depois liberado pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). O ministro Francisco Falcão, relator no STJ, abriu vistas dos autos ao MPF (Ministério Público Federal) para que se manifeste no prazo de cinco dias.

Segundo o site “O Jacaré”, ele mais 11 pessoas e oito empresas foram denunciados pelo suposto esquema de troca de incentivos fiscais por propinas da JBS. Em maio de 2020, a 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos decretou o sequestro de até R$ 190.333.338,73 dos 20 acusados de improbidade administrativa.

No entanto, cada um foi conseguindo se livrar do bloqueio ao recorrerem ao TJMS, sendo que André foi um dos últimos a conseguir reverter, em agosto de 2022. Em sua defesa, o emedebista responsabiliza dois secretários estaduais pelos incentivos fiscais concedidos à JBS, que causaram prejuízo de R$ 76,711 milhões aos cofres estaduais.

O desembargador Geraldo de Almeida Santiago, relator no TJMS, usou a mesma justificativa para liberar os recursos dos acusados dos sequestros. “Destarte, o só ajuizamento da ação civil por ato de improbidade não é suficiente, per si, para a decretação da indisponibilidade dos bens. Nos presentes autos, tem-se que a quantia indisponibilizada no decisum – R$ 190.333.339,73, de igual modo já se encontra bloqueada na esfera criminal – visando o ressarcimento ao erário pelos mesmos fatos, e, acaso mantida, totalizaria R$ 380.666.679,46, somatório bem acima do apontado pelo Parquet como prejuízos pecuniários ao Erário Público Estadual, conforme Memória de Cálculo que instrui a sua inicial”, argumentou.

De acordo com a denúncia, o ex-governador André Puccinelli concedeu incentivos fiscais a JBS em troca de propina, que oscilou entre 20% e 30% das isenções fiscais. O MPE alega que houve prejuízo de R$ 190,3 milhões aos cofres públicos e pede que o emedebista e mais 19 réus sejam condenados a devolver o dinheiro ao erário e sejam condenados por improbidade administrativa.

Puccinelli, por sua vez, diz que os incentivos eram aprovados pelas secretarias de Fazenda e de Produção e pelo CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial). Em último caso, ele ainda responsabiliza a empresa pelo não cumprimento dos acordos. Ele também cita a CPI da JBS, que foi presidida pelo deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), e não responsabilizou ninguém pelos desvios. A comissão acabou dando munição para a defesa dos acusados.