Mas não é possível! Preso há duas semanas, Serra fraudava até compra de carne para indígenas

Na manhã de ontem (17), completaram duas semanas que o vereador campo-grandense Claudinho Serra (PSDB) está preso sob acusação de comandar suposto esquema de fraudes na Prefeitura de Sidrolândia, que é administrada pela sua sogra, a prefeita Vanda Camilo (PP).

 

De acordo com o site Midiamax, o esquema era tão descarado que Claudinho Serra e os demais 7 presos chegaram a desviar até recursos da Fundação Municipal Indígena destinados para a compra de carnes para as aldeias do município.

 

No PIC (Procedimento Investigatório Criminal), elaborado pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), foi apontado que o suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Sidrolândia envolvia uso de empresas de “fachada”, fraude a licitações e desvio de dinheiro público mediante a não prestação do serviço ou não entrega do produto.

 

Um dos pontos da investigação do MPE (Ministério Público Estadual) foi que o grupo utilizaria a empresa SH Informática (Taurus) para fazer o provável desvio de dinheiro da Fundação Indígena de Sidrolândia. As análises indicam que o esquema de desvio de recursos públicos teria sido feito por meio de desvio percentual (sobre despesas reais) e com desvio integral (relativo a gastos fictícios).

 

Conforme consta no Relatório n. 005/2024/GECOC, foram angariados indícios que apontam a existência de esquema de desvio de parte dos recursos públicos destinados à Fundação Indígena, inserindo Cláudio Serra Filho, Tiago Basso da Silva, Milton Matheus Paiva Matos e Ricardo Rocamora Alves como beneficiários.

 

Contudo, o grupo teria obtido ajuda de servidores públicos, como o de Ana Claudia Alves Flores, que foi presa na terceira fase da Tromper. Neste caso da Fundação, eles contariam com a “participação necessária e efetiva” de Josimar Gabriel Clementino, indígena então responsável pela Fundação. Ele já recebeu uma Moção de Congratulação e Reconhecimento da Câmara de Vereadores, em 2018, pelo trabalho realizado junto às comunidades indígenas do município.

 

Josimar não foi um dos alvos recentes de busca e apreensão na Operação Tromper, mas foi mencionado no relatório da investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Ele foi exonerado do cargo à frente da Fundação Indígena pela prefeita Vanda Camilo, mas ganhou na Justiça o direito de regressar à função no início de abril.

 

A apuração apontou que Milton Paiva e Tiago Basso teriam articulado a emissão de notas fiscais e os respectivos pagamentos, para fins pessoais e de terceiro, por meio da Prefeitura Municipal e da Fundação Municipal Indígena. Na divisão de tarefas, o advogado Milton Paiva ficaria responsável pela gestão dos recursos vindos da Prefeitura para a Fundação Indígena, mesmo não tendo vínculo com a municipalidade, enquanto o servidor Tiago Basso seria o responsável pela arrecadação e pelo gerenciamento da propina.

 

Dados extraídos do celular de Milton Matos mostram uma planilha nomeada como “Financeiro” que faz menção em duas abas (Josimar, Claudinho) a valores que seriam destinados a Claudinho Serra e Tiago Basso da Silva. Conforme investigação do MPE, o grupo teria usado a empresa SH Informática (Taurus) para fazer o provável desvio de recursos da Fundação Indígena.

 

Em um troca de mensagens, Milton Paiva teria orientado como deveria ser feito o repasse para beneficiar Cláudio Serra Filho. “O único problema é o Tiago querer ficar passando Taurus pro Cláudio através do Josimar, da Fundação Indígena, isso aí não dá, né, mas exemplo, hoje tem cinquenta mil, se esses cinquenta mil ficasse quieto lá, todo mês fosse passando dez, passando quinze beleza, rapidão mata”, diz o áudio.

 

Segundo a investigação do Gecoc, em 9 de agosto de 2022, Milton Matos informou a Tiago Basso que Josimar Clemente, então responsável pela Fundação Indígena, solicitou a compra de 70 quilos de carne para a Festa de Nossa Senhora da Abadia na Aldeia Tereré.

 

A carne custaria cerca de R$ 1,9 mil e teria ficado combinado que este custo e o da propina seriam vinculados a um empenho já existente e a outro empenho que seria criado para a fictícia compra de materiais de construção.

 

“Tiago, deixa eu te falar, esse aí do Josimar é assim, é pra paga os setenta quilo de carne, fizeram a vinte e oito e uns quebrado, vai da uns mil novecentos e pouco de carne, tá, ai assim, paga o custo pelo menos com esse empenho de mil e novecentos e tem que solta mais algum pra faze a margem de lucro, eu pensei na licitação de material de construção, beleza”, diz áudio de Milton para Tiago.