O delegado de Polícia Civil Márcio Shiro Obara, preso no dia 17 de junho sob acusação de receber propina para atrapalhar investigações de assassinatos ao invés de concretizá-las, outros três agentes da lei, todos implicados na operação contra milícia armada desencadeada em setembro do ano passado, e mais dois delegados da Polícia Civil estão ocupando celas especiais da 3ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Carandá Bosque, em Campo Grande (MS).
Segundo matéria publicada nesta quarta-feira (1º) pelo site Campo Grande News, as celas têm dois policiais civis e um federal e os delegados Márcio Obara, Fernando Araújo da Cruz Junior, que é réu por assassinar a facadas o boliviano Alfredo Rangel Weber em 23 de fevereiro de 2019, e Éder Oliveira de Moraes, que está preso desde 24 junho de 2019 por envolvimento no furto de 101 quilos de cocaína da Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana.
Os três delegados estão afastados das funções e vão passar por processo que pode redundar em exclusão da corporação, quando acabarem as ações judiciais. Éder e Obara tiveram, em maio, rendimentos brutos de R$ 29 mil, enquanto Fernando, delegado há menos tempo, registra remuneração de R$ 21 mil sem os descontos.
Os outros policiais que dividem a carceragem da 3ª DP com os delegados são os agentes de polícia judiciária Elvis Elir Camargo de Lima e Frederico Maldonado Arruda e ainda o policial federal Everaldo Monteiro de Assis. Os três são réus por fazer parte da agência de pistolagem investigada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros).
Todos já tentaram a liberdade e os pedidos têm sito negados reiteradamente, inclusive pelas instâncias superiores, como o STF (Supremo Tribunal Federal). Os três policiais estão na prisão desde 27 de setembro do ano passado, quando houve a primeira fase da “Operação Omertà”. Preso na terceira fase, sob suspeita de recebimento de propina de R$ 100 mil, o delegado Márcio Shiro Obara, ex-titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), teve o primeiro pedido de liminar em habeas corpus negado esta semana, pelo juiz substituto Waldir Marques, com quem estão ficando todas as análises de pedidos de soltura de envolvidos com a organização criminosa.
Na segunda-feira (22), foi mantida a prisão. Agora, o pedido vai para análise do colegiado do qual Marques faz parte, a 2ª Câmara Criminal. Também alvo da terceira fase da operação, o investigador Célio Rodrigues Monteiro está em outra carceragem por motivos de segurança, descobriu a reportagem. A 3ª Delegacia de Polícia Civil tem duas celas, cada uma com quatro vagas, se respeitado o espaço projetado. Presos por outros crimes não ficam ali, justamente em razão de ser, por regulamentação estadual, a unidade dedicada a custodiados que fazem parte da corporação estadual. Haveria risco para integridade dessas pessoas se criminosos “comuns” ficassem junto.
Os presos ligados à PM (Polícia Militar) ficam no presídio mantido pela corporação militar, no complexo penal na saída para Três Lagoas. A reportagem do site Campo Grande indagou a Polícia Civil sobre as condições ofertadas aos policiais presos na carceragem onde ficam e obteve a resposta de que questões relacionadas ao dia-a-dia desses presos não podem ser repassadas para “para preservar a segurança orgânica do prédio”.