Dono de balneário em Bonito é acusado de chefiar quadrilha e teria ligação com Beira-Mar

O empresário Eliandro Fernandes do Amaral, mais conhecido como “Cateto” e proprietário do “Balneário e Camping Ponta Bonito”, é apontado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) como um dos líderes de organização criminosa baseada no município de Bonito (MS). De acordo com informações reveladas no âmbito da “Operação Paraíso Marcado”, ele tem histórico de pelo menos duas décadas de envolvimento com o narcotráfico e, no início dos anos 2000, mantinha ligação com o narcotraficante brasileiro Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar”.

 

Na quinta-feira (15), a quadrilha supostamente liderada por “Cateto” foi alvo de 52 mandados de buscas e apreensão e de prisão temporária cumpridos em Dourados, Ponta Porã, Bonito, Jardim, Guia Lopes da Laguna, Campo Grande e Porto Murtinho. Durante as buscas, oito pessoas foram presas em flagrante por posse irregular de armas e por tráfico e, entre os envolvidos, estão policiais militares lotados no 4º Batalhão em Ponta Porã.

 

Cateto é irmão de outra figura carimbada na linha internacional, José Elias Fernandes do Amaral, o “Bagual”, executado com 20 tiros em 12 de dezembro de 2008, na “Festa do Laço”, em Amambai (MS). Em 2002, os irmãos Fernandes do Amaral foram presos com 337 quilos de cocaína em Amambai e condenados a 10 anos de reclusão cada um. Depois de cumprirem parte da pena, ganharam liberdade e “Bagual” foi morto em dezembro de 2008.

 

Em junho de 2009, “Cateto” voltou a ser preso por tráfico, no âmbito da Operação Saisine, que mirou esquema de remessa de cocaína ligado à estrutura de Beira-Mar. Outras 16 pessoas foram presas na mesma operação. O processo deste caso tem 4.208 páginas e está atualmente em grau de recurso.

 

O nome da operação deflagrada ontem pelo Gaeco foi escolhido em função do costume que Eliandro Fernandes do Amaral tem, de colocar as iniciais (EFA) em suas propriedades e bens. Foi o que ele fez no “Balneário e Camping Ponta Bonito”, localizado na Estrada Barra do Quati, zona rural da capital do turismo de Mato Grosso do Sul. A placa de madeira com o nome do balneário instalada no portão de acesso ao local tem as iniciais “EFA”.

 

A empresa com razão social Eliandro Fernandes do Amaral (nome fantasia Ponta Bonito) foi aberta em 4 de setembro de 2012 e está em situação cadastral ativa. Segundo o Gaeco, o líder da organização criminosa escolheu Bonito para fixar residência e do local comandou as ações da quadrilha. Como o Gaeco não divulgou nomes dos alvos da operação, não foi possível confirmar se “Cateto” estava na lista dos investigados que deveriam ser presos temporariamente.

 

Buscas foram feitas na residência dele, mas Cateto não estava em casa e, à noite, ele fez um churrasco no local e reuniu alguns amigos. A organização criminosa investigada na “Operação Paraíso Marcado” está estabelecida há vários anos em Bonito e região, voltada ao tráfico de drogas, comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de dinheiro.

 

Um dos núcleos investigados é liderado pelo ex-vereador de Bonito, Erregianio da Rosa, o “Regis”, que ocupou cadeira na Câmara até dezembro de 2016. No ano seguinte, ele foi preso pela Polícia Federal com 412,5 quilos de cocaína embaladas em caixas do McDonald’s transportadas em caminhão de boiadeiro. Com a prisão decretada, o ex-parlamentar está foragido há algum tempo. A reportagem apurou que ele se esconde em fazendas nos arredores da reserva dos índios Kadiwéu, no Pantanal.