Deputado suspeito de mandar matar Marielle será transferido para o Presídio Federal da Capital

O deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil -RJ), preso sob a acusação de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielli Franco e pelo motorista Anderson Gomes, será transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande.

Após a prisão preventiva, outros três suspeitos foram encaminhados para o Presídio Federal de Brasília. O avião com os suspeitos, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, pousou em Brasília (DF) por volta das 16 horas de ontem (24).

O trio foi preso no período da manhã, no Rio de Janeiro (RJ), como fruto da “Operação Murder Inc”, deflagrada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), pelo MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal.

Os investigados devem seguir nesta segunda-feira (25) para as unidades de segurança máxima de Campo Grande (MS) e Porto e Velho (RO). De acordo com apuração do jornal O Globo, Rivaldo Barbosa ficará em Brasília, enquanto Chiquinho Brazão deverá ser trazido para Campo Grande e Domingos Brazão ficará em Porto Velho.

A Polícia Federal informou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o crime de execução da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, foi idealizado pelos irmãos Brazão e meticulosamente planejado por Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio e teria atuado para protegê-los.

Segundo investigadores, havia potencial risco de fuga e era necessário surpreender os envolvidos no caso. “E aqui se justifica a qualificação de Rivaldo como autor do delito, uma vez que, apesar de não ter o idealizado, ele foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências“, disse a PF em relatório.

A prisão dos suspeitos ocorre menos de uma semana após o STF homologar o acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, executor dos assassinatos. Por envolver políticos com foro privilegiado, como o deputado federal Chiquinho Brazão, o caso passou a ser conduzido na Corte pelo ministro Alexandre de Moraes.

Domingos Brazão disse, em entrevista ao UOL em janeiro deste ano, que não conhecia e não lembrava da vereadora Marielle Franco. Já Chiquinho Brazão divulgou nota no dia 20 de março, depois que a acusação de ser o mandante vazou na imprensa, afirmando que estava “surpreendido pelas especulações” e que o convívio com Marielle sempre foi “amistoso e cordial”.

Além das prisões dos três suspeitos, a operação engloba ainda 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro). Documentos, além de celulares e computadores dos presos, foram levados para a sede da PF no Rio. As investigações apontam que a morte de Marielle está relacionada à expansão da milícia no Rio de Janeiro.

A operação Murder Inc. acontece menos de uma semana após o Supremo Tribunal homologar a delação premiada firmada por Ronnie Lessa, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O ex-policial militar foi preso em março de 2019 pela participação nas mortes e, na delação do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista.

Os nomes dos três presos na operação constam da delação de Ronnie Lessa, executor do crime em que Marielle perdeu a vida e que também está preso no Presídio Federal de Campo Grande. De acordo com Lessa, os três detidos teriam sido os mandantes do crime.

Na terça-feira (19), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou que a delação premiada de Ronnie Lessa no caso Marielle Franco foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes. A vereadora pelo PSOL do Rio de Janeiro, foi assassinada a tiros há 6 anos, junto a seu motorista, Anderson Gomes.