Demorou! Registro de 100 mortes no confronto da PM faz Sejusp avaliar uso de câmeras por policiais

Após Mato Grosso do Sul atingir o emblemático número de 100 mortes no ano em decorrência do confronto entre a Polícia e criminosos, o titular da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira, começou a discutir o uso de câmeras corporais pelos policiais civis e militares do Estado.

A centésima morte em decorrência da intervenção policial aconteceu na madrugada da última sexta-feira (10), em Campo Grande (MS), quando um homem de 22 anos morreu em confronto com PMs. Ele foi flagrado cometendo um furto em um imóvel na Rua 15 de Novembro.

No mesmo dia, a assessoria de comunicação da Sejusp divulgou nota informando que o secretário estava participado, em Brasília (DF), de “uma reunião com o secretário Nacional da Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senasp/MJSP), Tadeu Alencar, e com o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), Sandro Caron, para definir a padronização do uso de câmeras corporais pelas Forças de Segurança de todo o País”.

O secretário sempre deixou claro que o Estado somente adotaria câmeras se todas as forças policiais brasileiras adotassem. Conforme Videira, os gestores da segurança pública pontuaram no encontro a necessidade de regulamentação, pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, da utilização de câmeras corporais. “Assim teríamos a padronização do uso, pelas forças de segurança de todo o Brasil”, lembrou o titular da Sejusp.

O secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, por sua vez, destacou que a ideia da reunião foi “fortalecer a segurança pública dos brasileiros”. O ano de 2023 tem se notabilizado por ser, disparadamente, o de maior letalidade policial em Mato Grosso do Sul.

Para efeito de comparação, a soma das mortes de 2021 (49) e 2022 (51) é exatamente igual ao número de mortes em 2023, e ainda faltam 50 dias para acabar o ano. Antes, o recorde era de 2019, quando os confrontos policiais resultaram em 70 mortes em um único ano

Conforme dados da Segurança Pública do Estado de São Paulo, desde o início do uso de câmeras corporais pela PM, o número de mortes caiu 61% naquele Estado. Dados oficiais do governo paulista apontam a morte de 256 pessoas por policiais militares em serviço em 2022. É o menor número das últimas duas décadas. Em 2021, foram relatados 423 casos. Em 2020, havia ficado em 659 mortes, conforme números divulgados no começo de 2023.

Adotadas inicialmente em agosto de 2020 e expandidas ao longo de 2021, as câmeras faziam parte, no começo deste ano, da rotina de 179 unidades policiais, em 66 dos 134 batalhões da PM, com mais de 10 mil equipamentos corporais em uso no estado vizinho.