As buscas pelo doleiro brasileiro Dario Messer, que teve o mandado de prisão internacional expedido pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro (RJ) pelo crime de lavagem de dinheiro oriundo de subornos, completam 16 dias e a Interpol, que determinou “código vermelho” para o cumprimento da ordem, ainda não tem pistas.
O comissário Wilberto Sánchez, subchefe da Interpol no Paraguai, confirmou que do período de 3 de maio até ontem (18) só foi feita uma busca ao “irmão espiritual” do presidente Horacio Cartes, que ocorreu no Paraná Country Club, onde ele morava em uma luxuosa mansão.
O chefe de polícia também não disse com certeza se o “doleiro dos doleiros”, que hoje é o homem mais procurado pela Justiça do Brasil, está no Paraguai ou explicou se foi feita uma tentativa de rastrear seu celular para localizar a área onde ele está.
O único procedimento realizado pela Interpol no Paraguai foi acompanhar o cumprimento de um mandado de busca e apreensão à casa de Dario Messer no último dia 5 de maio, quando a Polícia, chefiada pelo promotor de Justiça Manuel Rojas, foi até duas residências no luxo e exclusivo condomínio Paraná Country Club, na cidade de Hernandarias.
Os investigadores chegaram ao local dois dias depois que Messer deixou o complexo habitacional. O Ministério Público do Brasil informou que o esquema de suposta lavagem de dinheiro e fuga de capitais liderados pelo “doleiro dos doleiros” financiava diversos crimes, entre eles o tráfico de drogas. Além disso, a lavagem de dinheiro utilizava casas de câmbio e cambistas há mais de 20 anos e o montante pode ultrapassar os R$ 7 bilhões.
A Interpol não comenta o fato de não rastrear Messer quando ele estava usando o seu celular com número paraguaio na primeira semana em que se tornou um fugitivo. Além disso, nenhuma ação ainda conhecida foi tomada contra o proprietário da Seprelad, Oscar Boidanich, que arquivou notificações de operações suspeitas de Messer em 2015 e ignorou um alerta da inteligência brasileiro em 2016 .
Passados quase 20 dias do mandado de captura emitido contra Dario Messer no Brasil, as autoridades do Paraguai ainda não foram até a Casa de Câmbio Yrendague, apontada pela equipe de investigação como o local utilizado para as transferências de dinheiro.
Uma das perguntas que o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNF) terá que responder é como eles deixaram entrar um volume de US$ 50 milhões de um paraíso fiscal. Outra questão fundamental é saber como os dólares e os reais eram movimentados pela casa de câmbio, pois, os doleiros tiveram de usar o suporte bancário para recuperar o dinheiro lavado e colocá-lo de volta em circulação.
Com exceção de Adolfo Granada, que se entregou e está em prisão domiciliar, todos os investigados no escândalo da lavagem de dinheiro estão livres e são considerados fugitivos da Justiça. São eles Dario Messer, seu filho Dan Wolf Messer, seu administrador Ilan Grinspun e o seu sócio comercial Juan Pablo Jiménez Viveros, primo do presidente da República do Paraguai, Horacio Cartes.