Catan usa livro de Hitler para exemplificar pedido e é acusado de apologia ao nazismo

Mais uma vez o deputado estadual João Henrique Catan (PL), bolsonarista de carteirinha, perdeu a chance de ficar calado e evitar causar polêmica desnecessária. Se na primeira vez apareceu durante a sessão remota disparando uma arma de fogo em um estande de tiro enquanto votava pela aprovação do projeto que legitimava os CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) como atividade de risco, na manhã de ontem (7), também durante sessão, só que dessa vez presencial, da Assembleia Legislativa, ele exibiu o livro “Mein Kampf”, escrito pelo líder nazista Adolf Hitler, que expressa seus ideais de extrema-direita, antissemitismo, racismo, anticomunismo, anticomunismo e nacionalismo.

 

O livro é conhecido mundialmente como “a bíblia do nazismo” e é um símbolo para os apoiadores deste regime. No seu pronunciamento na tribuna da Casa de Leis, João Henrique Catan defendia o requerimento 356/2023, apresentado por ele, que pede transparência, quando se dirigiu ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Gerson Claro (PP), com o livro em mãos e afirmou: “Senhor presidente, é com a apresentação do Mein Kampf, de Hitler, que peço para que este parlamento se fortaleça, se reconstrua, se reorganize, nos rumos do que foi o parlamento europeu da Alemanha”.

 

O deputado explicou que o modelo parlamentar utilizado no Brasil é inspirado no modelo reconstruído na Alemanha. Com estes argumentos, o representante da extrema-direita declarou seu voto favorável ao requerimento. Catan ainda menciona a proibição do livro no estado do Rio de Janeiro, uma decisão do desembargador Carlos Gustavo Direito.

 

“Verifica-se que a livro “Mein Kampf (Minha Luta)” além de ser discriminatório, o que já seria naturalmente vedado pelo ordenamento jurídico pátrio, ainda apresenta ideologias contrárias aos princípios fundamentais constitucionais, o que, de fato, implica na correta vedação de sua exposição e comercialização”, escreveu o desembargador.

 

Apesar da decisão proibir apenas que o livro fosse disponibilizado no site “Estante Virtual”, o deputado do PL relatou que ficou com medo ao entrar com o livro no Brasil, e considerou o juiz que aprovou a decisão “mais ditador do que Adolf Hitler”. “Fiquei com medo de entrar com esse livro no Brasil, porque à época, um juiz, talvez mais ditador do que Adolf Hitler, suspendeu a entrada e as vendas do Mein Kampf, “minha luta, minha história, minha vida” de Adolf Hitler, onde retrata suas estratégias para aniquilar, fuzilar, o parlamento e os direitos de representação popular”, comentou.

 

Pedro Kemp (PT) que foi à tribuna na sequência, considerou que o deputado “pegou pesado” ao comparar a votação do requerimento com o nazismo, e afirmou que ser contra o pedido de Catan não o “tornava” nazista. “Eu penso que o deputado pegou pesado aqui quando trouxe o exemplar do Mein Kampf (…), jogou pesado, e eu vim aqui porque eu vou votar contra esse requerimento e não quero ser taxado de nazista”, afirmou.

 

E agora? Será que a Casa de Leis vai tomar alguma atitude contra as bolas foras do “nobre” deputado?