Caso Sophia: duas conselheiras tutelares que fizeram “vistas grossas” são reeleitas na Capital 

As conselheiras tutelares Ana Clara Sanches e Suelen Leme, ambas do Conselho Tutelar Norte e acusadas de fazerem “vistas grossas” para a violência sofrida por Sophia Jesus Ocampos, que morreu aos 2 anos de idade após maus-tratos e abusos sexuais do padrasto Christian Leitheim com conivência da mãe dela, Stephanie de Jesus da Silva, foram reeleitas, no último domingo (1º), para mais quatro anos no cargo. 

 

Os pais de Sophia Ocampos, Jean Carlos Ocampo (pai biológico) e Igor de Andrade (pai afetivo), criticaram a eleição e saíram em defesa da realização de um concurso público para o cargo de conselheiro tutelar. “Quando se fala em eleição para Conselho Tutelar, ninguém vai pela capacidade de cuidar do direito das crianças. Vai pelo salário de R$ 10,9 mil. Quem não quer? Não deveria ser eleição, deveria ser um concurso público, em que o candidato de determinada área, como da saúde ou do direito, faz a prova. Assim, não se elegeriam pessoas despreparadas, que vão só pelo salário”, declarou Igor de Andrade. 

 

O casal homoafetivo relembrou que foi vítima de homofobia ao denunciar reiteradamente as agressões que Sophia Ocampo sofria ao Conselho Tutelar Norte e completou que a filha também foi vítima do mesmo preconceito. Para eles, o Conselho Tutelar Norte foi coautor do que aconteceu com a criança devido às negligências cometidas contra ela pelo padrasto com conivência da mãe. 

 

A advogada dos pais de Sophia, Janice Andrade, revelou que entrará com notícia-crime contra as conselheiras tutelares envolvidas no caso. “Eu fiquei muito enojada quando vi que a bandeira que elas levaram até as redes sociais era em defesa da família. Isso é inacreditável. Sabemos que a maioria das violências acontece no seio das famílias”, disse. 

 

Ana Clara Sanches entrou em contato com o site do Correio do Estado e afirmou que na época que atendeu o Jean Carlos estava apenas cobrindo as férias de um colega. Além disso, pontuou que o Conselho Tutelar fez tudo que poderia ser feito. Já Suelen Leme foi procurada pela reportagem, mas, até o fechamento da matéria não retornou ao contato.