Cadeados somem, câmeras não funcionam e bandidão foge. “Brincadeira” de mau gosto!

Ainda está dando o que falar a fuga do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande (MS), de um dos líderes da facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul e responsável por comandar a maior rebelião que o Presídio de Segurança Máxima da Capital já teve, José Cláudio Arantes, 66 anos, mais conhecido como “Tio Arantes”.

No dia da fuga dele, os cadeados da cela e da porta do pavilhão desapareceram misteriosamente. Além disso, “coincidentemente”, o sistema de câmeras da ala que abrigava o preso deixou de funcionar horas antes de ser constatado o “sumiço” do perigoso criminoso.

As informações constam em despacho do juiz Fernando Chemin Cury, da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, que determinou a apuração rigorosa da fuga de “Tio Arantes” da unidade penal. O magistrado quer o DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e a 50ª Promotoria de Justiça do MPE (Ministério Público Estadual) na investigação.

Ele também determinou que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) abra, em 24 horas, procedimento administrativo disciplinar contra todos os agentes que estavam no plantão “no dia dos fatos, inclusive com afastamento cautelar, se necessário”. O órgão tem um dia para informar em juízo quais as medidas tomadas para apurar o ocorrido.

Para o juiz, está claro que “Tio Arantes” teve ajuda para fugir. “Informações preliminares demonstram que há uma série de irregularidades que precisam ser esclarecidas”. Conforme relatado no despacho, José Cláudio estava em uma “cela com porta inteiriça, sem acesso à parte externa, o que significa dizer que, mesmo sem o cadeado, teve auxílio de terceiros para abrir a respectiva porta”.

O magistrado quer saber se houve a participação de policiais penais. “Sem fazer qualquer juízo de valor, fato é que as evidências demonstram que o preso teve auxílio de terceiros para se evadir, seja de agentes do Estado ou dos próprios presos. Essa situação necessita ser apurada e os responsáveis exemplarmente punidos, como forma de dar resposta a esse episódio inaceitável para a sociedade brasileira”.