Ainda é pouco! Peão que matou o ex-prefeito Dirceu Lanzarini é condenado a 16 anos de prisão

Durante julgamento no Tribunal do Júri de Amambai (MS), realizada na noite de ontem (30), o capataz Luis Fernandes, 55 anos, mais conhecido como “Paraguaio”, foi condenado a 16 anos de prisão pelo assassinato do ex-prefeito da cidade Dirceu Lanzarini em fevereiro do ano passado. Ele também terá de pagar multa de R$ 25 mil referente às custas do processo.

Ele cumprirá pena de 14 anos pelo crime de homicídio qualificado e mais dois anos de reclusão e 10 dias-multa para o porte de arma de fogo. O júri absolveu o réu da acusação de tentativa de homicídio contra o genro da vítima, Kesley aparecido Vieira Matricardi, de 34 anos, que também foi baleado no atentado.

No dia do crime, Kesley e o sogro haviam descarregado carga de sementes e veneno para a lavoura na fazenda e encontraram Luis Fernandes na porteira enquanto deixavam a propriedade. Kesley dirigia a caminhonete S10, enquanto o sogro ocupava o banco do passageiro. Ambos pararam o veículo ao lado de “Paraguaio” e Dirceu Lanzarini perguntou ao empregado porque ele e outros funcionários não trabalhavam semeando naquela manhã. “Escuta, aconteceu alguma coisa, porque não estão trabalhando?”, questionou o patrão, segundo testemunhou o genro.

Foi neste momento que Luis Fernandes perguntou por que Lanzarini estava nervoso, sacou arma e disparou contra a caminhonete. “Foi muito rápido, eu ouvi os tiros, de dois a três. Ele atirou e eu arranquei com o carro. Depois, vagamente, ouvi um ou dois tiros”, narrou Kesley aos jurados.

Luis Fernandes negou as acusações durante o julgamento. Ele contou que seguia pela estrada quando quase foi atropelado pela dupla na caminhonete por duas vezes. Na primeira ao passar próximo de Luis, de dentro do veículo Dirceu teria apontado uma arma em sua direção, por esse motivo reagiu e atirou. Momento em que a caminhonete seguiu em frente. “Quando eu fui pro meio da pista, eles deram ré no veículo e eu atirei de novo em direção ao pneu”, explicou em depoimento.

Ao ser questionado, contou que por causa do barulho da caminhonete não ouviu os disparos feitos por Dirceu contra ele. Sobre a arma, Luis contou que achou o objeto próximo a um pesqueiro e que entregou a Dirceu. Posteriormente o patrão o ordenava a seguir armado quando ficasse sozinho na fazenda. As munições encontradas em sua casa, disse não saber de quem são.

“Ele me devia, mas nunca discutimos. Nunca reclamei de ninguém, nem dele. Eu comentava algumas vezes com a minha esposa que ele ainda não tinha me pagado, mas só isso”, explicou. A defesa relatou que a intenção do réu não era atingir Kesley, por esse motivo pedia durante julgamento que ao invés de tentativa de homicídio fosse julgado por lesão corporal.

Ainda contrariou os qualificadores em relação ao homicídio. “Ele estava dentro do carro, não em uma jaula. Ele consegue arrancar com o veículo. Um cara acertar alguém dentro do carro é raro, é só ele arrancar. Já o motivo fútil seria uma ‘mosca na sopa'”, explicou ao questionar o que teria levado uma pessoa da família a matar alguém e acabar com duas famílias por uma coisa insignificante.

Durante a sua fala no julgamento, o advogado do réu, André Luiz Prieto, chegou a citar uma suposta “vaquinha” feita por fazendeiros da região de Amambai, à época do crime, para “eliminar a vida” do peão. Mesmo com toda polícia em seu encalço, Fernandes só foi preso porque se entregou, dezessete dias depois de assassinar o patrão um com tiro na cabeça.

“Já havia uma cota entre empresários, fazendeiros que estavam monetizando os valores para fazer uma caçada ao Luís Fernandes, porque já estavam completamente desalinhados”, diz. A informação, conforme o advogado, teria sido repassada pelo secretário de segurança pública de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira. “Os valores que estavam sendo monetizados para eliminar a vida dele já estavam quase todos arrecadados”, completou Prieto. Contudo, nenhuma alegação foi suficiente para evitar a condenação do acusado. Com informações do site Campo Grande News